Não sei se é defeito de jornalista mas, quando não estou a ler relatos da vida pura e dura, tenho vindo a interessar-me cada vez mais pelas histórias de ficção inspiradas na realidade. E, como acontece com o novo livro de Geraldine Brooks, The People of the Book (ainda não editado em Portugal), não consigo deixar de pensar que a história verdadeira em que se inspirou é muito mais interessante do que a imaginada pela autora...
Lendo o artigo publicado hoje na revista do El Pais, assinado por Brooks (que o escreveu em 2007, a pedido da revista New Yorker), não consigo entender porque necessitou de inventar uma australiana especialista em conservação de manuscritos para ser a heroína da sua história (pode ler aqui a crítica do New York Times à obra de ficção). Os heróis já estavam todos criados, foram pessoas de carne e osso, que arriscaram as suas vidas, na Espanha do século XIV e na Jugoslávia da II Guerra Mundial, para salvar um livro - o Haggadah, um manuscrito judeu raro.
Dervis Korkut, um erudito muçulmano e director da biblioteca de Sarajevo, que recusa entregar o livro a um general nazi, salvaria, ao mesmo tempo, uma adolescente judia, que acolheu em sua casa. E foram os relatos dessa mulher, Mira Papo, que viriam a salvar, já em 1999, a mulher e os filhos de Korkut, quando estes tiveram de fugir a mais uma guerra, no Kosovo. Foram acolhidos em Israel, recebidos como heróis pelo então primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Dervis Korkut, um erudito muçulmano e director da biblioteca de Sarajevo, que recusa entregar o livro a um general nazi, salvaria, ao mesmo tempo, uma adolescente judia, que acolheu em sua casa. E foram os relatos dessa mulher, Mira Papo, que viriam a salvar, já em 1999, a mulher e os filhos de Korkut, quando estes tiveram de fugir a mais uma guerra, no Kosovo. Foram acolhidos em Israel, recebidos como heróis pelo então primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A história real tem pormenores fabulosos, bem descritos no artigo hoje publicado no El Pais (que podem ler em inglês, se preferirem, aqui). É uma história imperdível, garanto-vos, fruto do trabalho de pesquisa da autora australiana (ex-jornalista), que viajou entre os Estados Unidos, Bósnia e Israel em busca da verdade sobre a saga do Haggadah e dos heróis que o salvaram.
P.S. Da mesma autora, está editado em português O Idealista - Uma História de Amor em Tempos de Guerra (Ed. Oceanos), March, no título original, Prémio Pulitzer de Ficção 2006.