É uma das melhores notícias de 2008 para quem gosta de bom jornalismo: o lançamento da revista
Dispatches, imaginada pelo fotojornalista e fundador da agência VII
Gary Knight e pelo jornalista e ex-director do
Internacional Herald Tribune Mort Rosenblum, com o apoio financeiro do farmacêutico
Simba Gill.
As suas capas simples, em papel pardo, recordam-nos que é no interior que está o essencial: os grandes ensaios fotográficos dos melhores fotógrafos da actualidade, os longos textos dos repórteres que vivem meses a fio mergulhados nos mundos que ali se revelam.
O primeiro número foi dedicado à América, em vésperas de eleições presidenciais. A segunda edição desta revista trimestral tem o Iraque como tema central.
A Dispatches nasce numa altura em que a imprensa vive uma das maiores crises da sua história mas os seus fundadores acreditam que a pior crise não é a financeira, mas a de conteúdos. Falta seriedade, profundidade, rasgo e criatividade no jornalismo dos nossos dias, sem dúvida. A Dispatches acredita que existem leitores ávidos por histórias bem contadas, saturados de informação superficial e descontextualizada, que anseiam por artigos que os façam reflectir sobre o mundo, saber mais sobre o mundo e, até, mudar a sua posição em relação ao mundo.
Os seus fundadores não têm grandes grupos editoriais a apoiá-los e, imagine-se, nem sequer procuram publicidade - a revista, com mais de 200 páginas, não terá anúncios. O preço de capa é de 15 dólares e, caso consigam 10 mil assinantes, dizem que a publicação tem o futuro assegurado (uma assinatura anual para Portugal custa 52€) . O lucro, claro, não é o que motiva esta malta: «Não somos missionários ou Dom Quixotes, somos jornalistas - tipos com consciência que querem fazer alguma coisa.»