quinta-feira, 28 de julho de 2011

Fotografar Phelps

São cada vez mais fabulosas as fotografias que se vão publicando na imprensa mundial, traduzindo as emoções que se vivem no Campeonato do Mundo de Natação, a decorrer em Xangai. Esta é, de todas, a minha preferida, até ao momento: regista o voo de Michael Phelps para a água, na prova dos 200 metros mariposa.
O americano conquistou o ouro, uma vez mais. Os jornalistas já o esperavam, ainda antes dele entrar na água. E todos os fotógrafos lutavam para ter «a» foto, aquela que  os jornais de todo o mundo iriam querer publicar, falando dos feitos deste atleta que, com mais esta vitória, se tornou no primeiro a conseguir ganhar cinco vezes a mesma prova, em Campeonatos do Mundo: já tinha vencido em 2001 (Fukuoka), 2003 (Barcelona), 2007 (Melbourne) e 2009 (Roma).
Não sei se Phelps terá visto esta imagem da fotógrafa Christinne Muschi, da Reuters, mas acho que concordaria comigo: ela também merecia uma medalha.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Souto de Moura, in El País

(Foto: Sofía Moro/El País)

Estar com Obama, diz Souto de Moura ao El País, foi tão importante como receber o Pritzker. O encontro não durou mais de 5 minutos e, no entanto... Nas páginas da revista dominical do jornal espanhol o arquitecto português fala da sua recente viagem a Washington e de muito mais: da infância em Braga, dos estudos universitários no Porto, de Siza Vieira, da sua mulher e filhas (todas arquitectas!) e da delicada relação com os clientes. Incluindo esse cliente tão especial, CR7:

 
¿Construirá la casa para Cristiano Ronaldo?
La diseñé. Pero cuando vino a Madrid suspendió la obra. La paró.

 ¿Por qué?
Se lo quiere pensar. Tenía problemas de construcción. El proyecto de la casa fue aprobado, pero se levantaba en un terreno donde había muchos árboles protegidos. Mi hermano fiscal había iniciado un proceso de persecución a quienes cortan los alcornoques protegidos. No era cuestión de que me pusiera yo a cortar los alcornoques de Ronaldo para hacer sitio a su casa, enorme, de 1.200 metros. Talar los árboles no era legalmente posible. Además, imagínese los titulares: Souto contra Souto. Él estaba furioso porque le vendieron el terreno sin advertirle de que los árboles estaban protegidos. Le dije que cambiáramos de terreno y que haría otro proyecto. Y se molestó.

 Es sorprendente que lo buscara a usted, que lo quisiera como arquitecto.
No. Es muy simple. Es amigo del presidente del Braga. Le gustó el estadio y me llamó. Yo no entendía mucho de fútbol ni él de arquitectura. Pero después de hablar con él conseguimos una relación muy directa. Él pedía y yo le decía si era o no posible.

¿Qué no era posible?
Un lago, una isla, algunas de las cosas que quería. Estos tíos tan importantes tienen una corte que los protege y los cuida. Pero les dicen cosas que no son verdad. Por eso al final la única manera de hablar con él fue ir a visitarlo a Manchester. No le querían dar un disgusto informándole de que los árboles no se podían cortar.
¿El proyecto está parado?
Se suspendió. Pero cuando me dieron el Pritzker leí una noticia, no sé si especulación: Ronaldo quiere de nuevo la casa.

¿Las estrellas atraen a las estrellas?
[Risas] Será eso.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Sobre a Noruega

(Ilha de Utoya, Noruega. Foto: Jeff J Mitchell/Getty Images)


Sábias palavras, as de Aslak Sira Myhre, no Guardian:
 
"Some hours after the bomb blast, the Norwegian prime minister, Jens Stoltenberg, said that our answer to the attack should be more democracy and more openness. Compared to Bush's response to the attacks of 9/11 there is good reason to be proud of this. But in the aftermath of the most dreadful experience in Norway since the second world war I would like to go further. We need to use this incident to strike a blow to the intolerance, racism and hatred that is growing, not just in Norway, nor even only in Scandinavia, but throughout Europe."

sábado, 23 de julho de 2011

Guimarães, by New York Times

(Foto: João Pina para o New York Times)

Aquela que será a Capital Europeia da Cultura em 2012 merece este fim-de-semana o destaque do suplemento de viagens do New York Times. Em The Arts Take Root in Portugal’s ‘Cradle City’, o jornalista Charly Wilder enaltece a herança histórica da cidade mas também dá atenção aos locais noturnos mais trendy, à nova cozinha e, claro, aos movimentos culturais que estão a dar uma outra vida à cidade-berço de Portugal. As fotos são do "nosso" João Pina.
Genial é a descrição de um dos locais recomendados para comer (ou para visitar...), a típica cervejaria Martins. Ora leiam:

"A taste of old, rough-around-the-edges Guimarães can be found at Cervejaria Martins, a beer joint on stately Toural Square. Morning to night, men sit around the large horseshoe bar among a clutter of ceramic beer mugs and soccer scarves, watching televised bullfights, snacking on fat shrimp and bowls of tremoço beans and downing 90-cent draughts. Not much has changed here since it first opened in 1951; the lighting is unromantic, the beer is Super Bock (the brand most common to Portugal’s north) and the conversation is deliciously unrefined.
Though Guimarães’ newfound cultural prowess is a decided draw, the legions of new visitors headed for the city in the next year — from residents of outlying villages to international cultural stars like the French director Jean-Luc Godard — would be remiss not to experience the provincial charms of spots like Martins. That said, if you’re a vegetarian, it may be advisable to bring your own salad."

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Leitura da semana


Se virem por aí esta edição da New Yorker, não hesitem: apanhem-na! Além da belíssima capa (da autoria de Barry Blitt), há três razões para gastarem o vosso dinheirinho nesta revista:

1. O artigo Mastering the Machine, escrito por John Cassidy, acompanhando o dia-a-dia de Ray Dalio, o magnata que fundou a Bridgewater Associates e criou o maior e o mais estranho de todos os hedge funds. Assustador...

2. O postal de Los Angeles, «enviado» por Dana Goodyear, que ali encontrou Robert Jobson, o editor de assuntos da realeza do News of the World, escrevendo o seu último artigo, com o sugestivo título: “Hey Becks, Give Posh Our Love: Will’s Baby Message”. Hilariante...!

3. As palavras de Gay Talese, o rei, o mestre, o maior de todos os escribas ainda vivos (se não o conhecem espreitem aqui e corram a comprar todos os seus livros). Infelizmente, o artigo não está acessível online, mas Andy Young faz o favor de escrever sobre esse acontecimento que é publicar um artigo de Talese, e assim ficamos a saber que ele fala sobre um edifício na sua rua onde já abriram (e fecharam) inúmeros restaurantes. Que interessa? Acreditem, ele poderia escrever sobre qualquer coisa, aquelas duas páginas de letrinhas valem o preço de uma assinatura anual da revista. Genial.

Boas leituras!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Descoberta da semana

Só esta semana descobri esta revista australiana (obrigada Vasco!) que tem parte dos seus conteúdos disponíveis online. A Monster Children é uma boa surpresa, com uma atitude arrojada tanto ao nível do design como dos conteúdos. Cada número tem um tema central mas a revista não é temática, misturando de forma equilibrada interesses do mundo do surf, skate, design, música, cinema e fotografia.
A edição deste mês presta tributo a Dennis Hopper (na capa surge o seu olhar melancólico, a preto e branco, no cenário das filmagens de Apocalipse Now). Nas páginas seguintes viaja-se no tempo, começando por espreitar os centros comerciais americanos dos anos 80, para terminar nos dias de hoje, numa surf trip a Marrocos.
A assinatura para Portugal custa 100 dólares por ano (cerca de 20 euros por edição).

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Grandes histórias

(Foto: Nicole Bengiveno/The New York Times)

Leio no New York Times que Diana Nyad quer fazer o que nenhum outro atleta jamais tentou: vestir o seu fato de banho e nadar os 165 km que separam Cuba das ilhas Key, na Flórida, sem parar. Quer isto dizer que, com sorte e muito ritmo, ela terá de nadar durante um dia e uma noite, depois outro dia e toda a noite, e ainda outro dia inteirinho.
Além da dureza física, esta prova é especialmente difícil porque estas águas estão infestadas de tubarões. Houve quem completasse provas como a que Diana sonha cumprir mas... nadando dentro de uma jaula. Ela já o experimentou, também - mas a experiência não foi bem sucedida e nadar enjaulada, no oceano imenso, não combina com esta mulher, que detem há mais de 30 anos o recorde de natação em mar aberto (102 milhas/164 km, de Bimini, nas Bahamas, a Jupiter, na Flórida).
Sim, leram bem, há 30 anos. Diana tem hoje 61. E diz que se sente fisicamente muito mais forte do que quando era uma miúda de 20. Mentalmente também. É com desassombro que explica  como conta afastar o medo dos tubarões cantando. A música parece ajuda-lá também a manter o ritmo das braçadas. Ticket to Ride, dos Beatles, é a sua preferida. Vou passar o Verão a trauteá-la, torcendo por ela.

domingo, 10 de julho de 2011

News of the World (1843-2011)

A primeira e a última edição do News of the World, que hoje se despediu das bancas, na sequência do escândalo com as escutas telefónicas ilegais que realizava (pelo menos...) desde 2005.
Sinceramente, é o tipo de leitura que não me fará falta. Mas é sempre triste ver um título morrer. Além disso, em 168 anos de história, como este best of hoje publicado comprova, nem tudo o que ali se escreveu era lixo. Posso não retribuir o «thank you» da sua derradeira manchete, mas aqui fica o meu «goodbye».