terça-feira, 16 de agosto de 2011

Negócios da China... em Angola


Na Economist desta semana, um artigo muito esclarecedor sobre verdadeiros 'negócios da China' em África. Em particular, sobre os milhões (e milhões e milhões...) que se negoceiam entre essa entidade obscura que é a China International Fund e Angola, país onde, como bem lembra o jornalista da revista britânica, 90% da população de Luanda continua a viver sem água canalizada.

"WHEN the man likely to become China’s next president meets an African oil executive, you would expect the dauphin to dominate the dealmaker. Not, though, with Manuel Vicente. On April 15th this year the chairman and chief executive of Sonangol, Angola’s state oil firm, strode into a room decorated with extravagant flowers in central Beijing and shook hands with Xi Jinping, the Chinese vice-president and probable next general secretary of the Communist Party. Mr Vicente holds no official rank in the Angolan government and yet, as if he were conferring with a head of state, Mr Xi reassured his guest that China wants to “strengthen mutual political trust”.
Angola—along with Saudi Arabia—is China’s largest oil supplier and that alone makes Mr Vicente an important man in Beijing. But he is also a partner in a syndicate founded by well-connected Cantonese entrepreneurs who, with their African partners, have taken control of one of China’s most important trade channels. Operating out of offices in Hong Kong’s Queensway, the syndicate calls itself China International Fund or China Sonangol. Over the past seven years it has signed contracts worth billions of dollars for oil, minerals and diamonds from Africa."

domingo, 14 de agosto de 2011

Grandes histórias


Nem sempre as grandes histórias, que são aquelas que têm a capacidade de nos emocionar, têm páginas e páginas ou milhares de caracteres... por vezes são contadas da forma mais simples, como fica hoje provado na revista do New York Times. É impossível não reparar nestes retratos de Charlotte Dumas a sete cães muito especiais - todos participaram nas operações de resgate do 11 de Setembro (na foto, Moxie, com 13 anos). Hoje, já 'reformados' (e com alguns 'cabelos' brancos!), estes cães posam para a fotografia com uma dignidade impressionante. As suas vidas são contadas em poucas linhas. As suficientes para que se fique com vontade de comprar o livro "Retrieved", que a fotógrafa holandesa lançará no próximo mês.

Leitura da semana

(Foto: Getty Images)

A fome alastra na Somália e o povo arrasta-se até à fronteira com o Quénia, para alcançar aquele que já é o maior campo de refugiados do mundo, com quase meio milhão de almas, ou foge em direcção à capital do seu país em ruínas, Mogadíscio. Não é fácil circular na Somália, tomada pelas milícias islamitas Al Shabab, e as organizações humanitárias e os jornalistas pouco conhecem do que está, de facto, a acontecer no interior deste pobre país, assolado pela guerra há mais de 20 anos.
O enviado especial do El País, José Calatayud, faz um relato muito esclarecedor a partir de Mogadíscio, zona que as fragilizadas tropas da União Africana tentam defender e que as milícias, para surpresa de todos, acabam de abandonar. Para voltar com mais força?

"Hasta hace unos días, el mercado de Bakara, la mayor área comercial de Mogadiscio y todo el país, era uno de los bastiones de Al Shabab. La milicia campaba a sus anchas por estas calles repletas de bares, tiendas, almacenes y empresas de telecomunicaciones, de los que extraía elevados impuestos. Aquí, uno podía comprar de todo, en un sentido casi literal. No solo comida y accesorios para el hogar, sino también equipos de artillería antiaérea nuevos por 120.000 dólares o de segunda mano por 50.000 dólares, ametralladoras por 12.000 dólares y rifles AK-47 por 300 dólares. Fue aquí donde el 3 de octubre de 1993 fue derribado el helicóptero Black Hawk estadounidense en la batalla de Mogadiscio. Ese día, las milicias somalíes mataron a 18 soldados norteamericanos en lo que supuso el inicio de la retirada de EE UU y la ONU de Somalia.
Hoy, las tropas del Gobierno patrullan Bakara por unas calles llenas de escombros en las que las fachadas agujereadas por las balas aún lucen coloridos murales que anuncian sus productos y servicios: teléfonos, hamburguesas, agencias de viajes, dentistas.
De repente, aparecen una furgoneta repleta de soldados fuertemente armados y un 4 - 4 con los cristales tintados y de su interior surge una figura militar de alto rango: Yusuf Mohamed Siad, conocido como Inda'Ade [Ojos Blancos], un general del Ejército somalí. Siad asegura que Al Shabab está más débil que nunca y que su retirada responde a tres razones: "Uno, han malinterpretado el Corán, por lo que Dios está en su contra; dos, sus líderes están divididos tras la muerte de Fazul [líder de Al Qaeda en el este de África, que murió el 11 de junio en Mogadiscio por disparos de soldados del Gobierno]; y tres, no se ponían de acuerdo en cómo repartirse el dinero"."

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um fadista na Amazónia

(Foto: Gleison Miranda/AFP/Getty Images)


Há momentos assim, em que acabamos de ler uma história e nos apetece bater em alguém. É também para isto que o jornalismo existe (depois respira-se fundo, a indignação desfaz-se em compaixão e nasce a vontade de mudar o estado das coisas).
Hoje fiquei duplamente triste ao ler este artigo no Guardian. Primeiro, como é óbvio, porque relata a morte de índios na Amazónia, «massacrados» por traficantes de droga que decidiram criar novas rotas para o seu negócio, entre o Peru e o Brasil, invadindo terras de tribos isoladas - algumas nunca antes teriam tido contacto com o homem branco, quanto mais com as suas armas...
Depois, a tristeza aumentou quando li que um dos traficantes já presos é português: chama-se Joaquim António Custódio Fadista. É verdade. Fadista. Que pena tenho, sobretudo por me contarem tão pouco sobre ele no Guardian - e numa língua que não é a minha, nem a dele.

London calling

(Foto: Matthew Lloyd / Getty Images)
 
Londres continua a ferro e fogo e quem quiser saber o que se passa, ao minuto, deve seguir o blog do GuardianUk Riots Live, onde se acompanha em tempo real o que está a acontecer. Foi assim que soube que, no dia em que 16 mil polícias foram chamados para patrulhar as ruas e 450 detectives começaram a analisar imagens de videovigilância para deter os saqueadores, a população usou as redes sociais para se organizar, agarrar em vassouras e ajudar a limpar a cidade.
Vale ainda a pena ir espreitando as galerias fotográficas, como esta, que apresenta vários exemplos da destruição, mostrando as mesmas zonas de Londres antes e depois dos distúrbios.

domingo, 7 de agosto de 2011

Vhils, no Guardian


Parabéns ao Alexandre Farto, ou Vhils, e também à Vera Cortês, pelo merecido destaque neste artigo do Guardian, The 10 best street art works.

O roubo da Mona Lisa


Um dos mais memoráveis roubos de sempre aconteceu há 100 anos: a 9 de Agosto de 1911, o pintor, pedreiro e vidreiro italiano Vincenzo Peruggia (na foto), que havia fabricado o vidro que protegia a Mona Lisa, conseguiu retirar a obra de Da Vinci da sua moldura, escondê-la dentro do seu macacão de trabalho e sair calmamente do Louvre.
No dia seguinte ainda ninguém tinha dado pela falta da obra-prima mas, assim que o alarme soou, a sociedade da época entrou em choque. Os jornais de todo o mundo passaram meses a acompanhar o caso e o Financial Times, neste artigo publicado na edição de fim-de-semana, reproduz algumas dessas deliciosas notícias. Como aquela em que se conta que o Louvre, depois de ter encerrado durante uma semana, para «averiguações», passou a ter filas à porta (o que nunca antes se tinha visto) só para ir olhar para o vazio que restava na parede, depois do inacreditável roubo.
Apesar das investigações terem ficado a cargo do famoso Alphonse Bertillon (considerado o Sherlock Holmes francês), passaram-se dois anos sem que houvessem pistas credíveis para recuperar a Gioconda. Bertillon andava longe, muito longe da verdade. Chegou mesmo a suspeitar de Pablo Picasso - e conta-se que o pintor até chorou durante o duro interrogatório.
O verdadeiro ladrão, afinal, acabou por entregar-se quando tentou «devolver» a pintura a Itália, de onde achava que Napoleão a havia roubado... Os especialistas das Uffizi chamaram a polícia, claro.
Uma história fabulosa para ler inteirinha, com um sorriso nos lábios, na Financial Times Magazine.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Leitura da semana

(Photoillustration/John Ritter, New Yorker)

De tirar a respiração, este Getting Bin Laden, escrito por Nicholas Schmidle e publicado esta semana na New Yorker.
É raro ler textos desta qualidade e, por isso, recordei logo um dos melhores de sempre, “Black Hawk Down” , de Mark Bowden. Se não leram na altura (foi publicado no Philadelphia Inquirer em 1997), vale a pena seguir o link e ler esta fabulosa reportagem sobre o cerco às tropas norte-americanas em Mogadíscio, na Somália (e sim, foi este o texto que depois Ridley Scott adaptou ao cinema). A sua (re)leitura acaba por ser curiosa agora em que a Somália volta a ser falada nos jornais, pelo agudizar de uma crise que, na verdade, nunca deixou de existir...
Mas voltemos à New Yorker, ao Paquistão e a este texto onde se reconstitui, ao ínfimo pormenor, a operação das forças especiais da marinha norte-americana em Abbottabad. Desde o início, como aqui se revela, os SEALS nunca ponderaram capturar o líder da Al Qaeda. Eles tinham uma única missão: matá-lo.


(...) A second SEAL stepped into the room and trained the infrared laser of his M4 on bin Laden’s chest. The Al Qaeda chief, who was wearing a tan shalwar kameez and a prayer cap on his head, froze; he was unarmed. “There was never any question of detaining or capturing him—it wasn’t a split-second decision. No one wanted detainees,” the special-operations officer told me. (The Administration maintains that had bin Laden immediately surrendered he could have been taken alive.) Nine years, seven months, and twenty days after September 11th, an American was a trigger pull from ending bin Laden’s life. The first round, a 5.56-mm. bullet, struck bin Laden in the chest. As he fell backward, the SEAL fired a second round into his head, just above his left eye. On his radio, he reported, “For God and country—Geronimo, Geronimo, Geronimo.” After a pause, he added, “Geronimo E.K.I.A.”—“enemy killed in action.”
Hearing this at the White House, Obama pursed his lips, and said solemnly, to no one in particular, “We got him.”

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A capa da semana


Kirsten Dunst, na Elle britânica. Linda.
Lá dentro, uma bela conversa com a actriz que já tem 26 anos de carreira (ok, começou aos três...). Tudo a propósito da estreia do filme Melancholia, de Lars von Trier, que lhe valeu o prémio de Melhor Actriz, em Cannes.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Grandes histórias


Há um casal de sangue azul na capa da Vanity Fair de Julho (William & Kate, conquistando a América) mas é no interior da revista que se encontra a história de príncipes que vale mesmo a pena ler: Em The Prince Who Blew Through Billions conta-se a história de Jefri Bolkiah, irmão do sultão do Brunei, um playboy com um estilo de vida inacreditável, aparentemente financiado com um desvio de quase 15 mil milhões de dólares, realizado aquando da sua passagem pelo governo do Brunei como ministro das Finanças...
Coleccionador de carros de luxo (tem mais de dois mil...), de relógios, jóias e mulheres, passou as últimas semanas num tribunal nova-iorquino, pois o sultão queria provar que os administradores da fortuna da família (e das 250 empresas que possuem) lhe tinham roubado 23 milhões de dólares.
O processo foi mais um dos seus caprichos: só as custas processuais ultrapassaram os 100 milhões. Os irmãos, que continuam a fazer corridas de Ferrari nas ruelas da sua terra natal, perderam o processo mas já anunciaram: vão recorrer.