O Porto e as paisagens do Douro merecem destaque no suplemento de viagens da edição dominical do The New York Times. Em Portugal Old, New and Undiscovered há um olhar diferente (e rendido) sobre o nosso Norte.
"(Oporto) It’s a city of bold, sudden architectural contrasts, in which two or three blocks collapse two or three centuries. On my first afternoon there, near the summit of the city, I traced the edges of Praça da Liberdade, marveling over the way its Beaux-Arts flourishes recall Paris at its prettiest. Thirty minutes later and less than a half mile down the sharply graded descent toward the river, I was staring at the rococo facade of the Igreja da Misericórdia, which dates to the 16th century. It put me in mind of Rome.
The church is on Rua das Flores, perhaps my favorite street in Oporto: slender, shaded, intimate, many of its low-slung buildings fronted with wrought iron or covered with painted tiles, which were probably garish at the start but have faded to a subtle, exquisite beauty. The Portuguese make lavish use of such tiles. The São Bento train station in Oporto has, in its main hall, enormous blue-and-white-tile murals of historic scenes. That station is near one end of Rua das Flores; near the other, on a corner just beyond the Igreja da Misericórdia, is a particularly beautiful house with a graceful medley of blue and ocher shades that mesmerized me.
You know that sensation you get — that traveler’s high — when the spot in which you’re standing feels so right that you have to will yourself to budge? In front of that blue and ocher house, on an early April day kissed by sun and a subtle breeze both, I felt that splendid lethargy, and knew there was only one way to complement it. I needed wine. It was past 3 p.m., after all."
segunda-feira, 31 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Parabéns, Mr. Pina
Já aqui falei várias vezes do João. Mas façam lá o favor de ouvir-me mais uma vez... Hoje, o New York Times publica um artigo sobre ele, apresentando-o assim:
João de Carvalho Pina, a young Portuguese photographer, has spent the past five years documenting the abuses of Operation Condor, a collusion among right-wing dictators in Latin America during the 1970s to eliminate their leftist opponents.
Neste artigo, Tracing the Shadows of Operation Condor, o João explica porque decidiu fotografar os locais onde milhares de pessoas foram mortas e torturadas (sítios aparentemente banais, como garagens, escritórios, estádios de futebol...) e porque acha importante revelar os rostos dos sobreviventes:
“My goal is to create a visual memory of what this period was, the places of the disappeared and the survivors and the families, and to show people that this actually happened,” Mr. Pina said. “There are hundreds of thousands of people affected by it.”
In a way, he is one of those affected. Two of Mr. Pina’s grandparents in Portugal, who were Communists, were jailed as subversives for many years by the dictatorship of António de Oliveira Salazar. That part of his family history led him to document the abuses of the Salazar regime. He took the photographs in “For Your Free Thinking,” published in Portugal in 2007, about former political prisoners. In many cases, he juxtaposed mug shots from the time with updated portraits of the subjects, in similar poses.“I was really feeling a kind of desperation,” he said. “The generation of my grandparents was disappearing, and there were no documents of it.”
Documenting the past, of course, is a paradox. The subjects are no longer around, the occurrences are over, actions exist in past time. So inevitably, Mr. Pina has to find a way to evoke vanished events. “My goal here was to bring viewers to where they can see there’s something strange in those pictures, and they don’t know why.”
sexta-feira, 14 de maio de 2010
«Garzón, amigo, o povo está contigo!»
O juiz Baltazar Garzón foi hoje suspenso de funções. Os grupos de extrema-direita venceram, conseguindo que o Supremo Tribunal o colocasse no banco dos réus, acusado de «prevaricação» por se ter considerado competente para investigar os crimes do regime de Franco.
O juiz, que ficou famoso pela emissão de uma ordem de prisão contra o ditador Augusto Pinochet e pela condução de grandes investigações contra a ETA, os GAL ou a Al-Qaeda, entende que os crimes praticados durante o franquismo se tratam de «crimes contra a Humanidade» e, logo, nunca prescreveram - nem mesmo à luz da lei da amnistia aprovada pelo governo espanhol em 1977.
O El País dedica uma página online ao caso, onde se pode ver a gravação vídeo do momento em que o super-juiz abandonou a Audiência Nacional. De lágrimas nos olhos, sendo abraçado por funcionários judiciais, e ouvindo um grupo de populares gritar: «Garzón, amigo, o povo está contigo!»
quarta-feira, 12 de maio de 2010
A lista
Este artigo do Guardian, publicado ontem no site do jornal britânico, no preciso momento em que os liberais-democratas reuniam com os conservadores para negociarem uma coligação governamental, está a gerar alguma discussão: será uma invasão de privacidade ou justifica-se pelo interesse público da informação?
quarta-feira, 5 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
domingo, 2 de maio de 2010
Os lugares que somos
A revista de domingo do El País tem alguns dos meus cronistas preferidos, todos entre os melhores do mundo, nesta difícil arte de falar de temas quotidianos reais com as armas da ficção. Desde há muitos anos, os meus domingos são sempre mais especiais quando entram nele as palavras de Rosa Montero, Javier Cercas, Javier Marias, Juan José Millás ou Maruja Torres. Esta última, decana do jornalismo espanhol, vive em Beirute há vários anos. Ou melhor, vivia: Maruja vai regressar à sua Barcelona e conta hoje, em Os lugares que fomos, como é doloroso ver vazia a casa que foi sua durante tanto tempo. E abandonar, também, quem ela foi, naquela cidade.
Acaricio el vacío. Los amigos se han llevado los objetos que acumulé durante los últimos años, los jarros de cristal y los espejos comprados en Damasco, las lámparas adquiridas o heredadas de otros que también se marcharon de esta ciudad. Quedan los muebles que venían con el apartamento y que me apresuré a cubrir con tapices. Ahora también están desnudos, no son míos. Yo no pasé por aquí, puedo decirme.
Acaricio el vacío. Recuerdo quién fui aquí y qué fue este lugar que fue yo misma desde el primer momento en que pisé las baldosas hidráulicas y me vi circundada por ventanas y balcones. El aire entraba por todas partes, era la casa del aire y también de la fragilidad, la mejor casa que se podía tener en Beirut para habitar en lo precario. Cuando la ciudad se ponía bronca –ninguna tontería: con RPG al hombro–, no hace demasiado tiempo, la casa temblaba y yo me sentaba a hablar con los amigos por teléfono o a pintarme las uñas. Nada entretiene más a una –o a uno, puesto el caso–, en esos momentos en que no puede hacer nada por salir de su situación de conejo atrapado, que pintarse las uñas. Y acertar, claro.
Ustedes han vivido también, sin duda, esta sensación. La de abandonar un lugar en el que alcanzamos cierta plenitud, y comprender que la persona que ocupe nuestra plaza ni siquiera sabrá quiénes fuimos, ni apreciará la huella de tantas risas y lágrimas como goteamos… Cuando esa persona despierte, ¿lo hará por el zumbido del despertador, la voz de un locutor de radio? ¿O, como yo, dejará las contraventanas abiertas para que sea la luz, acompañada por el diálogo de los pájaros, lo que le abra el día, poco antes de que se reinicie al cotidiano apocalipsis de las excavadoras?
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