Dilma Rousseff é a primeira mulher eleita para a presidência do Brasil - e isso trouxe constrangimentos linguísticos aos jornalistas brasileiros... o jornal
Folha de São Paulo anuncia hoje que decidiu usar «presidente», e não «presidenta», para se referir a Dilma. «Em português, as duas formas estão corretas, 'mas a feminina é pouco usada', diz Thaís Nicoleti, consultora de língua portuguesa do Grupo Folha.»
Já durante a campanha eleitoral, a equipa da petista ensaiou o uso do termo feminino mas depressa percebeu que a mudança não tinha um impacto positivo a favor da candidata. A campanha decidiu usar «presidenta» em comícios, deixando o termo «presidente» reservado para iniciativas com um público mais tradicional.
Rótulos à parte, o que interessa mesmo é o conteúdo. E a alma de Dilma está impressa aqui:
«Foi numa sessão de cinema, "possivelmente um filme italiano, do [Federico] Fellini", que começou o namoro entre Dilma e o jornalista Cláudio Galeno de Magalhães Linhares.
Galeno já havia estado preso e tinha habilidade com produtos químicos. Seu pai era farmacêutico. "Andaram falando que eu fabricava bombas. Não tem nada disso. Fabriquei alguns protótipos de uma caixa com um dispositivo eletroquímico. Era para guardar documentos secretos. Se a repressão abrisse, a caixa entraria em combustão", diz. Só duas dessas engenhocas foram fabricadas. Uma acabou nas mãos da polícia. Não pegou fogo. O dispositivo não estava armado.
O casamento foi em setembro de 1967, só no civil. Familiares e amigos compareceram ao cartório. "Eram 30 ou 40 pessoas. Muitos já eram procurados. Se a polícia baixasse ali levaria alguns", diz Galeno, 25 anos à época. A noiva tinha 19.»
«“O pon está na mesa.” Pétar Russév não conseguia dizer “pão”. Falava pon. Búlgaro, tinha 1,95 metro de altura, olhos azuis, cabelos quase brancos de tão louros. Era advogado e fora filiado ao Partido Comunista da Bulgária. Quando aportou no Brasil, no final dos anos 30, já era viúvo e deixara um filho em sua terra (...)
Pétar Russév mudou o nome para Pedro e afrancesou o sobrenome para Rousseff.»
«(...) depois de saber que tinha um câncer linfático ela manteve o diagnóstico em segredo o máximo que pôde. O presidente só soube que ela faria uma cirurgia 48 horas antes. Sua filha Paula, na véspera. "Fica tranquilo, eu vou tirar de letra" foi a frase pós-cirurgia mais dita aos amigos de governo.
A ministra incorporou a idéia de que estava curada, e de que era preciso fazer o tratamento apenas para que não houvesse recidiva. Com isso na cabeça, manteve o ritmo de trabalho. Quem tenta convencê-la a diminuir ouve, além de uma aula sobre a doença, a explicação de que efeitos colaterais da quimioterapia - como dores fortes nas pernas que a levaram com urgência para o hospital - são consequências dos medicamentos, e não do seu ritmo de trabalho. "Ela tem muita dificuldade de assimilar a fragilidade".»
Boas leituras!