Todos os meses, cerca de sete mil africanos pagam centenas de euros a redes de imigração ilegal para entrar num destes camiões. Entrar é como quem diz... acabam por ter de se amontoar nas caixas abertas, tratados como quem os transporta os vê, de facto: são carga, apenas e só mais uma carga de gente desesperada, tentando fugir a uma vida miserável.
Saem do Níger e tentam chegar a Lampedusa, em Itália, via Líbia. A Europa é a miragem que os aguenta durante todos os duros meses que chegam a passar no deserto. Mas, para a maioria, nunca passará disso mesmo.
O El País publica hoje uma reportagem do jornalista Alfredo Blini, que fez a viagem até Dirkou, um oásis no meio do deserto do Níger, paragem obrigatória destes viajantes antes de cruzarem a fronteira para a Líbia. Há quem fique preso neste povoado, rodeado de areia escaldante a perder de vista, tendo de trabalhar para pagar o resto da viagem. Trabalhos duros, nas obras, e que mais se assemelham a escravidão: ganham 15 euros por mês. Com sorte, oito ou nove meses depois podem voltar a entrar no camião. Até à próxima paragem. Que bem pode ser forçada - pelos grupos armados que vivem dos roubos a estes desgraçados, que carregam pouco mais do que um sonho.
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