terça-feira, 27 de setembro de 2011

Para que não restem dúvidas...


..."Governments don't rule the world; Goldman Sachs rules the world"..."For most traders we don't really care about having a fixed economy, having a fixed situation, our job is to make money from it. Personally, I've been dreaming of this moment for three years. I go to bed every night and I dream of another recession."
Alessio Rastani, corrector, em entrevista à BBC

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O poder de Kristof


Já sabia que Nicholas Kristof era um jornalista especial. Mas hoje fiquei ainda mais impressionada com o poder que o seu nome tem - e como esse poder está a ser usado para combater a fome na Somália.
Kristof, distinguido com o Pulitzer pela sua cobertura dos acontecimentos em Tiananmen, actualmente já quase só escreve opinião. A sua coluna no New York Times é uma das mais influentes do mundo talvez porque ele nunca deixou de fazer o trabalho árduo do repórter, que suja os sapatos, fala com os protagonistas das histórias, pesquisa, investiga e incomoda quem for necessário para conseguir apresentar aos leitores, em menos de 800 palavras, a versão mais aproximada da verdade dos factos.
Kristof tem escrito, nos últimos dias, textos pungentes a partir da fronteira do Quénia com a Somália:

WHAT’S most heartbreaking about starving children isn’t the patches of hair that fall out, the mottled skin and painful sores, the bones poking through taut skin. No, it’s the emptiness in their faces.
These children are conscious and their eyes follow you — but lethargically, devoid of expression, without tears or screams or even frowns. A starving child shuts off emotions, directing every calorie to keep vital organs functioning.


A fome alastra no território, o mundo continua a desviar o olhar. Nada de novo? Acontece que um nova-iorquino, ao ler esta coluna do Times, decidiu estender a mão ao povo somali, partilhando um pouco do muito que tem.
Kristof anunciou a boa nova no twitter e no facebook:

«Um homem diz que igualará todos os donativos que os meus leitores fizerem para ajudar as vítimas de fome na Somália. E eu digo: vamos levá-lo à bancarrota!»

O homem chama-se Whitney Tilson e, em menos de 24 horas, já teve de desembolsar 200 mil dólares para cumprir a sua promessa. Ele mantém que irá dobrar todos os donativos particulares até 100 dólares. Por isso, se algum dos leitores do Blogkiosk quiser colaborar (!), basta escolher uma organização que tenha missões de ajuda às vítimas da fome na Somália (e pode socorrer-se desta lista do Washington Post, por exemplo), e enviar uma cópia do comprovativo desse donativo para a Leila, assistente do Sr. Tilson, usando o e-mail leilajt2@gmail.com.

Há dias em que, como vêem, o jornalismo tem efeitos práticos e imediatos. Eu adoro esses dias.

domingo, 11 de setembro de 2011

A melhor capa


A qualidade da reprodução não é a melhor, que me perdoem os puristas. Mas depois de ver hoje inúmeras capas dedicadas ao 11 de Setembro (inclusivé neste blogue), e de ler os mais variados elogios a capas nacionais que são cópias descaradas de outras já publicadas (veja-se a New Yorker de 2001, assinada por Art Spiegelman, e depois comente-se a 'criatividade' de alguns jornais portugueses, neste fim de semana), gostava de partilhar convosco esta capa: é, na minha opinião, a melhor de todas as já publicadas, nos úiltimos 10 anos, a nível mundial. Sim, a melhor. E é portuguesa.
Foi concebida pelo Henrique Cayatte, em poucas horas, para um número especial da revista Egoísta, de tributo a Nova Iorque. Os nomes dos colaboradores alinham-se em dois blocos, simulando as luzes dos arranha-céus. O meu nome está arrumado na torre da direita, o que me enche de orgulho. Foi uma emoção participar na edição deste número especial, que ganhou, entretanto, 12 prémios internacionais - inclusivé o da Society for News Design, entregue em Nova Iorque...
Parabéns à editora Patrícia Reis, com um abraço de admiração e solidariedade: há-de chegar o dia em que a Egoísta receberá um prémio em Portugal.

leituras para 11 de Setembro


 The trick in the next ten years will be to win back the trust of allies (especially Pakistan), use force more sparingly, go wherever possible with the grain of Muslim sentiment instead of rubbing against it. But there can be no return to the innocence of September 10th 2001—and, sadly, no end to the vigilance.



Le choc du 11-Septembre, impossible de ne pas y revenir, dix ans après. Le recul du temps n'atténue en rien son intensité. L'effondrement des tours jumelles à New York est associé, dans l'imaginaire de tous, à une destruction radicale décidée par un ennemi invisible qui n'avait rien à négocier, qui ne souhaitait aucun échange. Quel est cet ennemi? D'où vient-il? Comment recrute-t-il? Quelles sont ses aires d'influence? Et après?


Lower Manhattan is a living symbol of civic resilience; it is evidence of how free people can triumph over fear. The neighborhood surrounding Ground Zero has become the fastest-growing in New York City. Daniel Libeskind is part of the influx. The Bronx-raised designer of the Freedom Tower was living in Berlin on 9/11: “I was determined to live in lower Manhattan. And I’m so happy because it’s really coming back to life ... It’s a kind of renaissance.”



If the story of the United States has a theme so far in the 21st century, it is surely one of resilience. To hail that spirit on the 10th anniversary of September 11, 2001, TIME revisited the people who led us, moved us and inspired us, from the morning of the attacks through the tumultuous decade that followed. These astonishing testimonies — from 40 men and women including George W. Bush, Tom Brokaw, General David Petraeus, Valerie Plame Wilson, Black Hawk helicopter pilot Tammy Duckworth, and the heroic first responders of Ground Zero — define what it means to meet adversity, and then overcome it.


Suddenly summoned to witness some thing great and horrendous, we keep fighting not to reduce it to our own smallness,” wrote John Updike ten years ago in these pages. He watched the towers fall with “the false intimacy of television,” from a tenth-floor apartment in Brooklyn Heights.
(...)
New York City is filled with children who have no reason to distinguish the eleventh from any other day in September. At some point they’ll learn, but for now, for them, what actually happened could never have happened.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

As capas da semana



Duas grandes capas na mesma semana. É obra. Uma vez mais, ideias tão simples. Mas está lá tudo, não está? Até o luto, na edição especial do 11 de Setembro, já que a TIME trocou o seu característico filete vermelho pelo cinza. Até lentidão da vitória da liberdade sobre a opressão, na capa com Kadafi. O tempo do ditador esgota-se, como areia que escoa por entre os dedos. Mas ainda não acabou.

sábado, 3 de setembro de 2011

Top secret America


Mantendo a tradição de investir em grandes trabalhos de investigação, o Washington Post publica hoje a primeira parte de um trabalho que envolveu mais de uma dezena de jornalistas durante dois anos... Esta investigação, coordenada pelos jornalistas William M. Arkin e Dana Priest (que ganhou o Pulitzer em 2006 com uma reportagem sobre as prisões secretas da CIA), surge no seguimento do projecto iniciado no ano passado, Top Secret America, que começou por questionar o brutal crescimento dos serviços secretos norte-americanos na última década.
O jornal tornou pública a contratação de 854 mil pessoas, que trabalham em programas ligados à luta contra o terrorismo ou com os serviços de inteligência, colocadas em 1271 agências governamentais e 1931 empresas privadas.
Agora, o jornal revela a existência de uma unidade secreta militar, que ganhou força após o 11 de Setembro de 2001, crescendo até aos 25 mil homens, e que terá morto centenas de suspeitos terroristas em todo o mundo:

"Created in 1980 but reinvented in recent years, JSOC has grown from 1,800 troops prior to 9/11 to as many as 25,000, a number that fluctuates according to its mission. It has its own intelligence division, its own drones and reconnaissance planes, even its own dedicated satellites. It also has its own cyberwarriors, who, on Sept. 11, 2008, shut down every jihadist Web site they knew."

A investigação será publicada em três partes ao longo da próxima semana mas poderá ser lida na íntegra, e com outros desenvolvimentos, no livro Top Secret America: The Rise of the New American Security State, dos mesmos autores, que será lançado a 6 de Setembro.