sábado, 31 de maio de 2008

Let's talk about sex?

Peço desculpa por esta interrupção...

Já de regresso ao mundo onde existe Internet (neste caso, nos Estados Unidos), não queria deixar de assinalar um acontecimento que a muitos poderá parecer fútil e desinteressante mas que, para muitas, é um happening marcante:
a estreia mundial do filme O Sexo e a Cidade.
Hoje vi muitas meninas vestidas a rigor, equilibrando-se nos seus Manolos, para ir ao cinema...
Em Portugal, parece que terão de esperar mais uma semaninha. Até lá, os (as) interessados (as) podem espreitar o especial que o New York Times edita hoje sobre o regresso das quatro amigas às nossas vidas. E uma conversa íntima com as protagonistas que vale mesmo a pena ouvir...

terça-feira, 20 de maio de 2008

o fim do sonho?

Estive na África do Sul há seis meses e, percorrendo os bairros pobres do Soweto, ouvi inúmeras queixas sobre «o novo apartheid» que reina no país de Mandela. Falaram-me sobretudo de um «apartheid económico», que separa o mundo dos ricos do mundo dos pobres, mas transparecia nas palavras revoltadas daqueles homens e mulheres um outro sentimento: o medo de que, 13 anos depois da libertação, o desemprego, a fome e a criminalidade matassem o sonho da construção de um projecto a que o arcebispo (e Nobel da Paz) Desmond Tutu chamou carinhosamente de «nação arco-íris».
Os acontecimentos desta semana, que podem ser acompanhados em detalhe num dossier especial do The Times sul-africano, superaram os piores receios. Há muito que se falava da bomba-relógio que era o bairro de Alexandria, nos arredores de Joanesburgo, onde se foi instalando a maioria dos mais de quatro milhões de refugiados vindos do vizinho Zimbabué. Foi ali que começaram os ataques à comunidade imigrante, que já provocou 22 mortos.
Perante as imagens do horror, Tutu chorou, pedindo desculpa aos estrangeiros perseguidos no país:
I want to apologise, to ask for forgiveness on behalf of our people. I am deeply, deeply sorry. I want to apologise that we could be so inhuman.

domingo, 18 de maio de 2008

O céu vai cair?

O maior medo de Astérix e companhia pode, afinal, ser tão provável como eu amanhã ter de beber três bicas antes da hora de almoço: a Atlantic revela-nos que o céu pode mesmo cair sobre as nossas cabeças! A hipótese de um asteróride cair na Terra nos próximos anos, com consequências devastadoras para a Humanidade, é de 1 para 10. E o que anda a NASA a fazer para salvar o nosso planeta? Pouco, muito pouco, como se revela neste artigo.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

luta contra o tempo

(Foto: Reuters)

Uma menina de três anos foi encontrada viva, depois de ter passado mais de 40 horas soterrada por toneladas de escombros. Os bombeiros encontraram-na chorando debaixo dos cadáveres dos pais.
Os chineses, atingidos por uma das piores catástrofes naturais das últimas décadas, lutam contra o tempo para salvar as milhares de pessoas que ainda poderão estar vivas, presas debaixo dos edifícios esventrados pela fúria de um terramoto que atingiu os 7.9 na escala de Richter, como contam os enviados especiais da Time e da Newsweek.
Há mais de 15 mil mortos confirmados - mas o dobro de desaparecidos. Infelizmente, à semelhança do que sucede em Myanmar, a China recusou as ofertas internacionais de ajuda, nomeadamente para o envio de peritos em busca e salvamento e de cães-polícia para cooperarem nas operações de resgate em Sichuan.

Já ganhou?


A corrida democrata parece estar a chegar ao fim. A Time escreve esta semana, num artigo intitulado The five mistakes Clinton made que «a dúvida já não é se Hillary desistirá, mas quando». E dá honras de capa a Obama, explicando «como ele aprendeu a vencer»: Barack Obama has refused to play by the old political rules. He's about to be rewarded for it.

P.S. O título de capa, como podem ver, é arrojado: And the winner* is... Caso não consigam ler nesta reprodução, o asterisco remete para a seguinte informação: really, we're pretty sure this time

domingo, 11 de maio de 2008

Os órfãos de Hitler

Mais de 200 crianças polacas, vítimas de experiências médicas nazis, encontraram refúgio em Barcelona quando, em 1946, uma equipa da Cruz Vermelha os resgatou de um campo de concentração em Salzburgo. O jornalista José Luis Barbéria, que assina a reportagem publicada este domingo pelo El Pais, revela não só pormenores destas experiências atrozes, até agora desconhecidas e que visavam a criação de uma raça superior, como conseguiu localizar alguns destes «órfãos de Hitler» (a maioria vive agora nos Estados Unidos) e contar-nos como refizeram as suas vidas. Um trabalho notável que, adivinha-se, poderá ter desenvolvimento em livro.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Israel - 60 anos sem paz

Passam hoje 60 anos sobre a fundação de Israel. Sim, as enciclopédias assinalam 14 de Maio de 1948 mas os judeus regem-se pelo calendário lunar, logo... este ano a efeméride celebra-se no «nosso» 8 de Maio.
O tema merece, obviamente, o destaque do jornal israelita Haaretz que, entre muitos textos de análise, publica também uma série de álbuns fotográficos privados, num dossier especial intitulado Days of our Lives: um olhar diferente sobre a história do país.
O Jerusalem Post também dedica várias páginas ao tema e entrevista Arieh Handler, o último sionista ainda vivo (com 93 anos) que testemunhou, ao lado de David Ben-Gurion, a proclamação oficial da independência.
Israel tem ainda honras de capa na edição deste mês da Atlantic. O texto Unforgiven, assinado por Jeffrey Goldberg (que antes escrevia de forma igualmente brilhante na New Yorker) descreve a situação actual deste pedaço de terra, mais pequeno que o Alentejo, onde a paz, infelizmente, não parece ter lugar.
Como resumiu esta semana o ministro dos Assuntos Sociais, Isaac Herzog, o desejo de todos os israelitas neste aniversário é apenas um: «Sonhamos com a possibilidade de ter uma vida normal». Infelizmente, Israel parece ainda muito longe de concretizar esse sonho.

22 500 mortos, 41 mil desaparecidos

O ciclone Nargis riscou do mapa, com a fúria dos seus ventos superiores a 240 km/hora, grande parte de Myanmar (Birmânia). A destruição, aliada ao facto do país viver subjugado por uma ditadura militar, dificulta o acesso de jornalistas internacionais e isso nota-se. Apesar dos maiores títulos mundiais publicarem notícias assinadas a partir da capital birmanesa, uma rápida pesquisa demonstra que todos repetem, com ligeiras diferenças, os relatos das agências internacionais. As imagens da destruição são igualmente pobres. Já há quem pergunte, com toda a razão, como é possível não ter sido publicada nenhuma imagem de vítimas quando já se assumem oficialmente mais de 22 500 mortos?
Num país onde a presença intimidante do exército é desde há muitos anos uma constante, um jornalista do diário espanhol El Mundo pergunta, no blogue Crónicas da Ásia: «Onde estão agora os soldados?». Ao que parece estão todos na nova capital administrativa do país, Naypyidaw, um dos raros locais poupados pelo ciclone. Um jornalista birmanês entrevistado pela revista Time conta que a população está muito revoltada: pelo facto dos militares não terem avisado a população da aproximação do ciclone, negando-lhes a hipótese de procurar protecção, mas, sobretudo, pelo Nargis não ter destruído Naypyidaw, «o ninho dos generais»...

domingo, 4 de maio de 2008

controlar a violência

O tema de capa da revista de domingo do New York Times oferece-nos um olhar raro sobre essa guerra surda que tomou conta das cidades norte-americanas (mas também, à nossa escala, das zonas urbanas de Lisboa e do Porto...): a violência de grupos de jovens armados.
No artigo é apresentado o trabalho notável de um epidemiologista de Chicago, Gary Slutkin, que criou o projecto CeaseFire (cessar-fogo) partindo do pressuposto que a violência precisa de ser controlada tal como... um vírus. Os resultados começam a fazer-se notar. Nos bairros onde o CeaseFire criou projectos, intervindo junto dos membros de gangues através de outros jovens, os chamados «interrupters», as mortes com armas de fogo diminuiram entre 16 e 27%.

and the winner is...


A Time publica esta semana a sua listagem anual das 100 pessoas mais influentes do mundo. O nº1 foi entregue por unanimidade ao Dalai Lama.

Na lista, dividida em cinco categorias, há espaço para muitas surpresas: o iraquiano Muqtada al-Sadr tem lugar de destaque (13º), tal como o líder taliban Baitullah Mehsud (17º) mas Osama bin Laden nem sequer é citado. Na perspectiva do leitor, a melhor surpresa reside nos convidados de luxo que a revista apresenta e que aceitaram o desafio de escrever sobre as personalidades eleitas. Coube ao guru indiano Deepak Chopra escrever sobre o líder tibetano, a Madeleine Albright traçar o perfil de Vladimir Putin, a Bill Clinton falar de Tony Blair e a George Clooney elogiar o trabalho humanitário da dupla Brad Pitt & Angelina Jolie. A candidata a primeira-dama, Michele Obama, também colaborou neste número especial, homenageando a única personalidade que, até hoje, sempre fez parte desta lista: Oprah Winfrey.

P.S. A capa desta edição especial foi concebida por Chip Kidd. A direcção da revista convidou alguns dos melhores designers do mundo para criar uma capa original, entre eles Neville Brody (que concebeu a Face e a Arena e redesenhou o Guardian e o Times) e eu teria votado na proposta dele... que pode ser vista aqui.