sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal!

Sobre a emigração...


O Guardian publicou ontem um artigo sobre a nova vaga de emigrantes portugueses para o Brasil: Portuguese migrants seek a slice of Brazil's economic boom.
Um dos entrevistados é o meu amigo Hugo Gonçalves, jornalista e escritor, que, depois de ter sido «dispensado» pelo jornal i, se mudou para o Rio de Janeiro, em Outubro. Esta é a terceira vez que emigra. Já viveu em Nova Iorque e em Madrid. Acho que é desta que não volta. A partir de Ipanema, está a escrever o seu terceiro livro, com o sugestivo título Enquanto Lisboa Arde, o Rio de Janeiro Pega Fogo.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O olhar de Kosyrev sobre a revolução em curso

    (Foto: Yuri Kozyrev - NOOR for TIME)

A TIME anunciou a sua escolha para Personalidade do Ano: o Manifestante. Ninguém poderia prever que a imolação de um pequeno vendedor de frutas tunisino daria origem à Primavera árabe - e a todas as outras revoluções ainda em curso. Os protestos de 2011 não fizeram apenas eco do descontentamento global: eles começaram também a mudar o mundo.
Num dossier especial, a TIME passa este ano fervilhante em revista, com vários artigos de excelência. Num deles, o fotógrafo russo Yuri Kozyrev, o jornalista que mais anos passou em Bagdad, a cobrir a guerra do Iraque (7 anos...), partilha o seu olhar muito especial de um ano no caminho da revolução, acompanhando os protestos populares na Tunísia, Egipto, Bahrain, Líbia, Iémen, Rússia e Grécia.
Boas leituras!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

À escuta


O escritor sueco Henning Mankell escreve, no New York Times, sobre a arte de escutar. Escutar os outros, escutar o mundo. Ele redescobriu a importância de ouvir em Moçambique e isso ajudou-o a conhecer novas histórias, e novas formas de as contar, também. Em última análise, não será a capacidade de ouvir o outro que nos diferencia, enquanto seres humanos?
Muito interessante, mesmo, este seu texto, de onde retirei tanto. E ainda esta máxima:

Why do human beings have two ears but only one tongue? Probably so that we have to listen twice as much as we speak.

Voilá ;)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Leitura da semana

Ainda a propósito dos heróis das Caxinas, e depois de propor um «retorno aos clássicos» (ao Relato de um Náufrago, de García Márquez), aqui fica a sugestão de leitura da semana, com um agradecimento ao Ricardo J. Rodrigues:

"No Japão, dois dias depois do tsunami, um homem foi encontrado em alto mar, a flutuar no telhado de sua casa. The Man Who Sailed His House é uma ode à boa escrita e ao detalhe. Estupendo jornalismo narrativo, com assinatura de Michael Paterniti, na GQ americana. Os pescadores de Caxinas mereciam uma reportagem assim."



NOTES FROM A CASTAWAY
Adrift, alone, with little hope of rescue, Hiromitsu Shinkawa began scribbling messages with a marker he'd fished from the sea. In the order he wrote them, here are the words he thought would be his last.
On March 11, I was with my wife, Yuko.
My name is Hiromitsu.
I just want to report that I am still alive on the twelfth and was with my wife, Yuko, yesterday.
She was born January 12 of Showa 26.
SOS
I am sorry for being unfilial.
I'm in a lot of trouble.
Sorry for dying before you.
Please forgive me.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Leitura de Domingo

 

Agora que tanto se fala dos «heróis das Caxinas», que sobreviveram 3 dias no mar, temos o pretexto mais que perfeito para ler (ou reler) o belíssimo Relato de um Náufrago, relato verídico recolhido em 1955 pelo então jornalista Gabriel García Márquez e publicado originalmente em 14 capítulos no jornal El Espectador, de Bogotá.
Este relato (editado em português pela Asa), escrito na primeira pessoa, resultou de 20 encontros, de 6 horas cada, entre o jornalista e Luís Velasco, o único sobrevivente do naufrágio de um navio militar carregado de mercadoria contrabandeada, que esteve 10 dias à deriva no alto mar. Até conseguir remar e nadar até à costa, desafiando a fome, a sede... e os tubarões, que cercavam a sua balsa todos os dias, às 5 da tarde.
Já em terra,Velasco «foi proclamado herói da pátria, beijado pelas rainhas de beleza, ficou rico com a publicidade.» Mas depois «foi malquisto pelo governo e esquecido para sempre».