sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal!

Sobre a emigração...


O Guardian publicou ontem um artigo sobre a nova vaga de emigrantes portugueses para o Brasil: Portuguese migrants seek a slice of Brazil's economic boom.
Um dos entrevistados é o meu amigo Hugo Gonçalves, jornalista e escritor, que, depois de ter sido «dispensado» pelo jornal i, se mudou para o Rio de Janeiro, em Outubro. Esta é a terceira vez que emigra. Já viveu em Nova Iorque e em Madrid. Acho que é desta que não volta. A partir de Ipanema, está a escrever o seu terceiro livro, com o sugestivo título Enquanto Lisboa Arde, o Rio de Janeiro Pega Fogo.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O olhar de Kosyrev sobre a revolução em curso

    (Foto: Yuri Kozyrev - NOOR for TIME)

A TIME anunciou a sua escolha para Personalidade do Ano: o Manifestante. Ninguém poderia prever que a imolação de um pequeno vendedor de frutas tunisino daria origem à Primavera árabe - e a todas as outras revoluções ainda em curso. Os protestos de 2011 não fizeram apenas eco do descontentamento global: eles começaram também a mudar o mundo.
Num dossier especial, a TIME passa este ano fervilhante em revista, com vários artigos de excelência. Num deles, o fotógrafo russo Yuri Kozyrev, o jornalista que mais anos passou em Bagdad, a cobrir a guerra do Iraque (7 anos...), partilha o seu olhar muito especial de um ano no caminho da revolução, acompanhando os protestos populares na Tunísia, Egipto, Bahrain, Líbia, Iémen, Rússia e Grécia.
Boas leituras!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

À escuta


O escritor sueco Henning Mankell escreve, no New York Times, sobre a arte de escutar. Escutar os outros, escutar o mundo. Ele redescobriu a importância de ouvir em Moçambique e isso ajudou-o a conhecer novas histórias, e novas formas de as contar, também. Em última análise, não será a capacidade de ouvir o outro que nos diferencia, enquanto seres humanos?
Muito interessante, mesmo, este seu texto, de onde retirei tanto. E ainda esta máxima:

Why do human beings have two ears but only one tongue? Probably so that we have to listen twice as much as we speak.

Voilá ;)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Leitura da semana

Ainda a propósito dos heróis das Caxinas, e depois de propor um «retorno aos clássicos» (ao Relato de um Náufrago, de García Márquez), aqui fica a sugestão de leitura da semana, com um agradecimento ao Ricardo J. Rodrigues:

"No Japão, dois dias depois do tsunami, um homem foi encontrado em alto mar, a flutuar no telhado de sua casa. The Man Who Sailed His House é uma ode à boa escrita e ao detalhe. Estupendo jornalismo narrativo, com assinatura de Michael Paterniti, na GQ americana. Os pescadores de Caxinas mereciam uma reportagem assim."



NOTES FROM A CASTAWAY
Adrift, alone, with little hope of rescue, Hiromitsu Shinkawa began scribbling messages with a marker he'd fished from the sea. In the order he wrote them, here are the words he thought would be his last.
On March 11, I was with my wife, Yuko.
My name is Hiromitsu.
I just want to report that I am still alive on the twelfth and was with my wife, Yuko, yesterday.
She was born January 12 of Showa 26.
SOS
I am sorry for being unfilial.
I'm in a lot of trouble.
Sorry for dying before you.
Please forgive me.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Leitura de Domingo

 

Agora que tanto se fala dos «heróis das Caxinas», que sobreviveram 3 dias no mar, temos o pretexto mais que perfeito para ler (ou reler) o belíssimo Relato de um Náufrago, relato verídico recolhido em 1955 pelo então jornalista Gabriel García Márquez e publicado originalmente em 14 capítulos no jornal El Espectador, de Bogotá.
Este relato (editado em português pela Asa), escrito na primeira pessoa, resultou de 20 encontros, de 6 horas cada, entre o jornalista e Luís Velasco, o único sobrevivente do naufrágio de um navio militar carregado de mercadoria contrabandeada, que esteve 10 dias à deriva no alto mar. Até conseguir remar e nadar até à costa, desafiando a fome, a sede... e os tubarões, que cercavam a sua balsa todos os dias, às 5 da tarde.
Já em terra,Velasco «foi proclamado herói da pátria, beijado pelas rainhas de beleza, ficou rico com a publicidade.» Mas depois «foi malquisto pelo governo e esquecido para sempre».

domingo, 27 de novembro de 2011

Leitura da semana


A revista de domingo do El País celebra 35 anos de publicação com este número especial, onde se revisitam as 35 melhores reportagens da sua história.

Da primeira, sobre como muitas mulheres iam, nos anos 70, abortar em Londres,

"El despertador suena a las seis y media. Mari Carmen está muy nerviosa. La clínica es un delicioso chalet".

passando pelas grandes vagas de imigração de África para a Europa (via Espanha), através do olhar do jornalista John Carlin, que viria a ganhar, com este trabalho, o prémio Ortega y Gasset,

"Se habla mucho de las pateras, pero la gente no sabe lo que está ocurriendo en el desierto. Un caminar sin cesar."

viajando até 1979, com Rosa Montero acompanhando os últimos dias do exílio do ayatollah Khomeini, antes do seu regresso ao Irão,

"Cinco veces al día, el imán sale de su retiro, cruza la carretera, entra en el chalet de enfrente y dirige los rezos. Son los únicos momentos en los que sus seguidores pueden verle, y así le esperan cada día durante horas, de pie sobre el helado suelo, a la intemperie."

até à recente série de oito reportagens, em parceria com os Médicos Sem Fronteiras, dando voz às vítimas dos conflitos esquecidos deste planeta (e com textos de Mario Vargas Llosa, no Congo, Juan José Millás, em Cachemira, ou Laura Esquivel, na Guatemala, apenas para nomear alguns...)

"Vienen subiendo, y son miles. Mujeres con sus hijos. Saben que muchas morirán por el camino, o que tendrán que dejar enterrados a sus hijos. Pero la decisión está tomada y no pararán hasta encontrar un lugar donde la vida les abra por fin la puerta."

 ...há mesmo muito para ler...
Boa semana, boas leituras.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

36h no Porto


Ai, ai, que saudades do Porto... a culpa, desta vez, é do New York Times, que nos leva à descoberta da cidade, no artigo 36 hours in Porto, misturando sugestões de locais recentes (como o restaurante DOP, do chefe Rui Paula, que, fiquei a saber, tem uma lista de vinhos do Douro com 60 páginas!), com outros mais tradicionais, como a incontornável Manteigaria do Bolhão, maravilhosamente descrita, desta forma: "stocks enough cured meat to feed a corporate picnic (or spark a PETA protest)"...
As fabulosas fotos são, como já vai sendo costume, do nosso João Pina.

domingo, 6 de novembro de 2011

Insanidade

(Foto: Hernán Zin/El País)

Hoje, na revista do El País, uma reportagem muito interessante do jornalista Jon Sistiaga, sobre a banalização da violência. Ele retrata a insanidade da vida na Somália mas este texto poderia descrever muitos outros lugares do mundo. Infelizmente. Lugares onde, cinco minutos depois de rebentar uma bomba ao fundo da rua, há um cozinheiro que vem à porta chamar os clientes de volta para a mesa do restaurante, porque a comida está a arrefecer...

«Al aterrizar en Mogadiscio, el visitante debe rellenar un formulario. Nombre, nacionalidad, motivo de la visita y... ¡tipo de arma que lleva! Marca, calibre y número de serie. Si no traes ninguna, te miran con cara de extrañeza. Así se entra en Somalia. Un país que lleva 20 años hundido en la anarquía. Ahora sufre la peor crisis humanitaria en lo que llevamos de siglo. Hambrunas. Sequía. Balas. Casi dos millones de desplazados, dentro y fuera del país. Entramos en el territorio de los señores de la guerra en el Cuerno de África.»

sábado, 5 de novembro de 2011

King of King's



Jon Lee Anderson é um dos melhores jornalistas da actualidade, na minha modesta opinião. Nunca li nada dele que ficasse abaixo da excelência. Admiro-o há muitos anos e quando o conheci pessoalmente, no Haiti, parecia uma adolescente envergonhada... estive quase a esticar o bloco e a caneta que trazia nas mãos para lhe pedir um autógrafo. Contive-me, claro. Hoje, sem grande vontade de ler mais coisas sobre Kadafi, dei por mim a mergulhar sem retorno neste belíssimo King of King's, publicado na última edição da New Yorker:

«How does it end? The dictator dies, shrivelled and demented, in his bed; he flees the rebels in a private plane; he is caught hiding in a mountain outpost, a drainage pipe, a spider hole. He is tried. He is not tried. He is dragged, bloody and dazed, through the streets, then executed.

The humbling comes in myriad forms, but what is revealed is always the same: the technologies of paranoia, the stories of slaughter and fear, the vaults, the national economies employed as personal property, the crazy pets, the prostitutes, the golden fixtures. Instinctively, when dictators are toppled, we invade their castles and expose their vanities and luxuries—Imelda’s shoes, the Shah’s jewels. We loot and desecrate, in order to cut them finally, futilely, down to size.»

sábado, 22 de outubro de 2011

A capa da semana


If there is a poem for this moment, it is surely W.B. Yeats' dark classic "The Second Coming". Written in 1919, it evokes the darkness and uncertainty of Europe in the aftermath of a horrific war.
"Things fall apart; the centre cannot hold," Yeats writes. Mere anarchy is loosed upon the world/... The best lack all conviction, while the worst/Are full of passionate intensity."
It's hard to imagine a more eloquent description of our own bearish age. The middle class is shrinking, the markets are flailing, U.S. presidential candidates are bickering, and European policymakers are fiddling while Rome (and Athens...) burn.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Indignados no Guardian

(Foto: Jon Henley/Guardian)

O jornalista do Guardian Jon Henley está há algumas semanas a viajar por Portugal, Espanha, Itália e Grécia, ouvindo as histórias de quem mais sente na pele as consequências da crise da dívida soberana europeia. Esta semana esteve em Lisboa, à conversa com os Indignados que amanhã, sábado, voltam a sair à rua (no âmbito do protesto mundial 15 de Outubro).

(...)
They are united by a desire for change.
"We believe that the people really do have the power. People think someone else will fix this, but we have to. The people who are supposed to find solutions, our elected representatives, clearly aren't. We have to show we're not merchandise in the hands of bankers and businessmen."
(...)
"Something has to change. We are not a rich country; the minimum wage here is just €485 – even in Greece it's €600. But taxes are going up, electricity's being hiked by 30%, public transport too. People are getting desperate. There's real despair. I have many friends who are thinking of emigrating."

terça-feira, 11 de outubro de 2011

À beira de um ataque de nervos

A propósito do chumbo da Eslováquia à expansão do Fundo de Resgate Europeu, vale a pena ler este artigo do Financial Times...

«Ms Radicova said she had been contacted by Pedro Passos Coelho, the Portuguese prime minister, who told her that the deadlock in Bratislava was “giving him a heart attack” and that a renewed EFSF was key in allowing him to consolidate his country’s finances.»

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Steve Jobs at Heaven's gate

  
Muito se escreveu nas últimas 48h sobre Steve Jobs. Destaco, para já, dois textos.

O sempre exemplar obituário do New York TimesApple’s Visionary Redefined Digital Age:

“He was the most passionate leader one could hope for, a motivating force without parallel,” wrote Steven Levy, author of the 1994 book “Insanely Great,” which chronicles the creation of the Mac. “Tom Sawyer could have picked up tricks from Steve Jobs.”“Toy Story,” for example, took four years to make while Pixar struggled, yet Mr. Jobs never let up on his colleagues. “‘You need a lot more than vision — you need a stubbornness, tenacity, belief and patience to stay the course,” said Edwin Catmull, a computer scientist and a co-founder of Pixar. “In Steve’s case, he pushes right to the edge, to try to make the next big step forward.”

E uma nota mais breve, na New Yorker, que lhe dedicará a capa na próxima semana, The Next Steve Jobs (And the Last One) :

«Steve Jobs was a geek: he hacked phones, built computers, and wrote code. But he was also an artist: he studied calligraphy, dated Joan Baez, and actually understood what could make a phone sexy. He was a hippie: who else drops out of Reed? But he was an authoritarian, too. He knew what you wanted better than you did, and he was going to give it to you. These yin-yang couplets explain some of his genius and success. So, of course, does his idealism. (He famously once asked a Pepsi executive whether he wanted to spend his life making sugar water.) And then there was the death sentence he lived under. Being diagnosed with pancreatic cancer in 2004 gave him a new way of looking at things. “Your time is limited, so don’t waste it living someone else’s life"

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Chegámos à Madeira...

(Alberto João Jardim na 1ª página do Int. Herald Tribune, foto de João Pina)

Foi um choque para as Finanças portuguesas, e para os portugueses em geral, sim, podemos confirmar. É essa a ideia que o jornalista do International Herald Tribune passa logo no título que escolheu para a primeira página da edição hoje impressa, «Untimely schock to Portugal's finances»...

No Funchal, acompanhando a campanha eleitoral, o jornalista Raphael Minder escreve um artigo elucidativo (com fotos do «nosso» João Pina):

«(...) in the run-up to the vote Sunday, Mr. Jardim was busy presiding over several inauguration ceremonies for projects, even as criticism from Lisbon intensified. Last Wednesday, he opened a tunneled road that will provide access to a still unfinished golf course

Infelizmente, nada de novo para nós, portugueses. Mas que dirão os leitores do Tribune, no final de frases como esta?

«The politicians pass laws in the Parliament in the morning and then do business among themselves in the afternoon».

Bom, talvez se internacionalize a expressão «já chegámos à Madeira?»...

Ipad, o salvador?


Poderá o ipad bater o kindle e salvar o mercado livreiro? É desta pergunta que a New Yorker parte para traçar um retrato do atormentado mundo dos livros, que debate há décadas se o papel terá ou não capacidade para resistir à revolução digital. Depois do esmorecimento da discussão, com a estagnação das vendas no kindle e noutros dispositivos semelhantes (os e-books só representam cerca de 5% do volume de vendas nos EUA), agora é o ipad que surge como grande alternativa ao livro impresso - sobretudo depois do acordo entre a apple e a amazon, prometendo vender novidades e best-sellers por menos de 10 dólares. É ler para crer...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Para que não restem dúvidas...


..."Governments don't rule the world; Goldman Sachs rules the world"..."For most traders we don't really care about having a fixed economy, having a fixed situation, our job is to make money from it. Personally, I've been dreaming of this moment for three years. I go to bed every night and I dream of another recession."
Alessio Rastani, corrector, em entrevista à BBC

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O poder de Kristof


Já sabia que Nicholas Kristof era um jornalista especial. Mas hoje fiquei ainda mais impressionada com o poder que o seu nome tem - e como esse poder está a ser usado para combater a fome na Somália.
Kristof, distinguido com o Pulitzer pela sua cobertura dos acontecimentos em Tiananmen, actualmente já quase só escreve opinião. A sua coluna no New York Times é uma das mais influentes do mundo talvez porque ele nunca deixou de fazer o trabalho árduo do repórter, que suja os sapatos, fala com os protagonistas das histórias, pesquisa, investiga e incomoda quem for necessário para conseguir apresentar aos leitores, em menos de 800 palavras, a versão mais aproximada da verdade dos factos.
Kristof tem escrito, nos últimos dias, textos pungentes a partir da fronteira do Quénia com a Somália:

WHAT’S most heartbreaking about starving children isn’t the patches of hair that fall out, the mottled skin and painful sores, the bones poking through taut skin. No, it’s the emptiness in their faces.
These children are conscious and their eyes follow you — but lethargically, devoid of expression, without tears or screams or even frowns. A starving child shuts off emotions, directing every calorie to keep vital organs functioning.


A fome alastra no território, o mundo continua a desviar o olhar. Nada de novo? Acontece que um nova-iorquino, ao ler esta coluna do Times, decidiu estender a mão ao povo somali, partilhando um pouco do muito que tem.
Kristof anunciou a boa nova no twitter e no facebook:

«Um homem diz que igualará todos os donativos que os meus leitores fizerem para ajudar as vítimas de fome na Somália. E eu digo: vamos levá-lo à bancarrota!»

O homem chama-se Whitney Tilson e, em menos de 24 horas, já teve de desembolsar 200 mil dólares para cumprir a sua promessa. Ele mantém que irá dobrar todos os donativos particulares até 100 dólares. Por isso, se algum dos leitores do Blogkiosk quiser colaborar (!), basta escolher uma organização que tenha missões de ajuda às vítimas da fome na Somália (e pode socorrer-se desta lista do Washington Post, por exemplo), e enviar uma cópia do comprovativo desse donativo para a Leila, assistente do Sr. Tilson, usando o e-mail leilajt2@gmail.com.

Há dias em que, como vêem, o jornalismo tem efeitos práticos e imediatos. Eu adoro esses dias.

domingo, 11 de setembro de 2011

A melhor capa


A qualidade da reprodução não é a melhor, que me perdoem os puristas. Mas depois de ver hoje inúmeras capas dedicadas ao 11 de Setembro (inclusivé neste blogue), e de ler os mais variados elogios a capas nacionais que são cópias descaradas de outras já publicadas (veja-se a New Yorker de 2001, assinada por Art Spiegelman, e depois comente-se a 'criatividade' de alguns jornais portugueses, neste fim de semana), gostava de partilhar convosco esta capa: é, na minha opinião, a melhor de todas as já publicadas, nos úiltimos 10 anos, a nível mundial. Sim, a melhor. E é portuguesa.
Foi concebida pelo Henrique Cayatte, em poucas horas, para um número especial da revista Egoísta, de tributo a Nova Iorque. Os nomes dos colaboradores alinham-se em dois blocos, simulando as luzes dos arranha-céus. O meu nome está arrumado na torre da direita, o que me enche de orgulho. Foi uma emoção participar na edição deste número especial, que ganhou, entretanto, 12 prémios internacionais - inclusivé o da Society for News Design, entregue em Nova Iorque...
Parabéns à editora Patrícia Reis, com um abraço de admiração e solidariedade: há-de chegar o dia em que a Egoísta receberá um prémio em Portugal.

leituras para 11 de Setembro


 The trick in the next ten years will be to win back the trust of allies (especially Pakistan), use force more sparingly, go wherever possible with the grain of Muslim sentiment instead of rubbing against it. But there can be no return to the innocence of September 10th 2001—and, sadly, no end to the vigilance.



Le choc du 11-Septembre, impossible de ne pas y revenir, dix ans après. Le recul du temps n'atténue en rien son intensité. L'effondrement des tours jumelles à New York est associé, dans l'imaginaire de tous, à une destruction radicale décidée par un ennemi invisible qui n'avait rien à négocier, qui ne souhaitait aucun échange. Quel est cet ennemi? D'où vient-il? Comment recrute-t-il? Quelles sont ses aires d'influence? Et après?


Lower Manhattan is a living symbol of civic resilience; it is evidence of how free people can triumph over fear. The neighborhood surrounding Ground Zero has become the fastest-growing in New York City. Daniel Libeskind is part of the influx. The Bronx-raised designer of the Freedom Tower was living in Berlin on 9/11: “I was determined to live in lower Manhattan. And I’m so happy because it’s really coming back to life ... It’s a kind of renaissance.”



If the story of the United States has a theme so far in the 21st century, it is surely one of resilience. To hail that spirit on the 10th anniversary of September 11, 2001, TIME revisited the people who led us, moved us and inspired us, from the morning of the attacks through the tumultuous decade that followed. These astonishing testimonies — from 40 men and women including George W. Bush, Tom Brokaw, General David Petraeus, Valerie Plame Wilson, Black Hawk helicopter pilot Tammy Duckworth, and the heroic first responders of Ground Zero — define what it means to meet adversity, and then overcome it.


Suddenly summoned to witness some thing great and horrendous, we keep fighting not to reduce it to our own smallness,” wrote John Updike ten years ago in these pages. He watched the towers fall with “the false intimacy of television,” from a tenth-floor apartment in Brooklyn Heights.
(...)
New York City is filled with children who have no reason to distinguish the eleventh from any other day in September. At some point they’ll learn, but for now, for them, what actually happened could never have happened.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

As capas da semana



Duas grandes capas na mesma semana. É obra. Uma vez mais, ideias tão simples. Mas está lá tudo, não está? Até o luto, na edição especial do 11 de Setembro, já que a TIME trocou o seu característico filete vermelho pelo cinza. Até lentidão da vitória da liberdade sobre a opressão, na capa com Kadafi. O tempo do ditador esgota-se, como areia que escoa por entre os dedos. Mas ainda não acabou.

sábado, 3 de setembro de 2011

Top secret America


Mantendo a tradição de investir em grandes trabalhos de investigação, o Washington Post publica hoje a primeira parte de um trabalho que envolveu mais de uma dezena de jornalistas durante dois anos... Esta investigação, coordenada pelos jornalistas William M. Arkin e Dana Priest (que ganhou o Pulitzer em 2006 com uma reportagem sobre as prisões secretas da CIA), surge no seguimento do projecto iniciado no ano passado, Top Secret America, que começou por questionar o brutal crescimento dos serviços secretos norte-americanos na última década.
O jornal tornou pública a contratação de 854 mil pessoas, que trabalham em programas ligados à luta contra o terrorismo ou com os serviços de inteligência, colocadas em 1271 agências governamentais e 1931 empresas privadas.
Agora, o jornal revela a existência de uma unidade secreta militar, que ganhou força após o 11 de Setembro de 2001, crescendo até aos 25 mil homens, e que terá morto centenas de suspeitos terroristas em todo o mundo:

"Created in 1980 but reinvented in recent years, JSOC has grown from 1,800 troops prior to 9/11 to as many as 25,000, a number that fluctuates according to its mission. It has its own intelligence division, its own drones and reconnaissance planes, even its own dedicated satellites. It also has its own cyberwarriors, who, on Sept. 11, 2008, shut down every jihadist Web site they knew."

A investigação será publicada em três partes ao longo da próxima semana mas poderá ser lida na íntegra, e com outros desenvolvimentos, no livro Top Secret America: The Rise of the New American Security State, dos mesmos autores, que será lançado a 6 de Setembro.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Negócios da China... em Angola


Na Economist desta semana, um artigo muito esclarecedor sobre verdadeiros 'negócios da China' em África. Em particular, sobre os milhões (e milhões e milhões...) que se negoceiam entre essa entidade obscura que é a China International Fund e Angola, país onde, como bem lembra o jornalista da revista britânica, 90% da população de Luanda continua a viver sem água canalizada.

"WHEN the man likely to become China’s next president meets an African oil executive, you would expect the dauphin to dominate the dealmaker. Not, though, with Manuel Vicente. On April 15th this year the chairman and chief executive of Sonangol, Angola’s state oil firm, strode into a room decorated with extravagant flowers in central Beijing and shook hands with Xi Jinping, the Chinese vice-president and probable next general secretary of the Communist Party. Mr Vicente holds no official rank in the Angolan government and yet, as if he were conferring with a head of state, Mr Xi reassured his guest that China wants to “strengthen mutual political trust”.
Angola—along with Saudi Arabia—is China’s largest oil supplier and that alone makes Mr Vicente an important man in Beijing. But he is also a partner in a syndicate founded by well-connected Cantonese entrepreneurs who, with their African partners, have taken control of one of China’s most important trade channels. Operating out of offices in Hong Kong’s Queensway, the syndicate calls itself China International Fund or China Sonangol. Over the past seven years it has signed contracts worth billions of dollars for oil, minerals and diamonds from Africa."

domingo, 14 de agosto de 2011

Grandes histórias


Nem sempre as grandes histórias, que são aquelas que têm a capacidade de nos emocionar, têm páginas e páginas ou milhares de caracteres... por vezes são contadas da forma mais simples, como fica hoje provado na revista do New York Times. É impossível não reparar nestes retratos de Charlotte Dumas a sete cães muito especiais - todos participaram nas operações de resgate do 11 de Setembro (na foto, Moxie, com 13 anos). Hoje, já 'reformados' (e com alguns 'cabelos' brancos!), estes cães posam para a fotografia com uma dignidade impressionante. As suas vidas são contadas em poucas linhas. As suficientes para que se fique com vontade de comprar o livro "Retrieved", que a fotógrafa holandesa lançará no próximo mês.

Leitura da semana

(Foto: Getty Images)

A fome alastra na Somália e o povo arrasta-se até à fronteira com o Quénia, para alcançar aquele que já é o maior campo de refugiados do mundo, com quase meio milhão de almas, ou foge em direcção à capital do seu país em ruínas, Mogadíscio. Não é fácil circular na Somália, tomada pelas milícias islamitas Al Shabab, e as organizações humanitárias e os jornalistas pouco conhecem do que está, de facto, a acontecer no interior deste pobre país, assolado pela guerra há mais de 20 anos.
O enviado especial do El País, José Calatayud, faz um relato muito esclarecedor a partir de Mogadíscio, zona que as fragilizadas tropas da União Africana tentam defender e que as milícias, para surpresa de todos, acabam de abandonar. Para voltar com mais força?

"Hasta hace unos días, el mercado de Bakara, la mayor área comercial de Mogadiscio y todo el país, era uno de los bastiones de Al Shabab. La milicia campaba a sus anchas por estas calles repletas de bares, tiendas, almacenes y empresas de telecomunicaciones, de los que extraía elevados impuestos. Aquí, uno podía comprar de todo, en un sentido casi literal. No solo comida y accesorios para el hogar, sino también equipos de artillería antiaérea nuevos por 120.000 dólares o de segunda mano por 50.000 dólares, ametralladoras por 12.000 dólares y rifles AK-47 por 300 dólares. Fue aquí donde el 3 de octubre de 1993 fue derribado el helicóptero Black Hawk estadounidense en la batalla de Mogadiscio. Ese día, las milicias somalíes mataron a 18 soldados norteamericanos en lo que supuso el inicio de la retirada de EE UU y la ONU de Somalia.
Hoy, las tropas del Gobierno patrullan Bakara por unas calles llenas de escombros en las que las fachadas agujereadas por las balas aún lucen coloridos murales que anuncian sus productos y servicios: teléfonos, hamburguesas, agencias de viajes, dentistas.
De repente, aparecen una furgoneta repleta de soldados fuertemente armados y un 4 - 4 con los cristales tintados y de su interior surge una figura militar de alto rango: Yusuf Mohamed Siad, conocido como Inda'Ade [Ojos Blancos], un general del Ejército somalí. Siad asegura que Al Shabab está más débil que nunca y que su retirada responde a tres razones: "Uno, han malinterpretado el Corán, por lo que Dios está en su contra; dos, sus líderes están divididos tras la muerte de Fazul [líder de Al Qaeda en el este de África, que murió el 11 de junio en Mogadiscio por disparos de soldados del Gobierno]; y tres, no se ponían de acuerdo en cómo repartirse el dinero"."

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um fadista na Amazónia

(Foto: Gleison Miranda/AFP/Getty Images)


Há momentos assim, em que acabamos de ler uma história e nos apetece bater em alguém. É também para isto que o jornalismo existe (depois respira-se fundo, a indignação desfaz-se em compaixão e nasce a vontade de mudar o estado das coisas).
Hoje fiquei duplamente triste ao ler este artigo no Guardian. Primeiro, como é óbvio, porque relata a morte de índios na Amazónia, «massacrados» por traficantes de droga que decidiram criar novas rotas para o seu negócio, entre o Peru e o Brasil, invadindo terras de tribos isoladas - algumas nunca antes teriam tido contacto com o homem branco, quanto mais com as suas armas...
Depois, a tristeza aumentou quando li que um dos traficantes já presos é português: chama-se Joaquim António Custódio Fadista. É verdade. Fadista. Que pena tenho, sobretudo por me contarem tão pouco sobre ele no Guardian - e numa língua que não é a minha, nem a dele.

London calling

(Foto: Matthew Lloyd / Getty Images)
 
Londres continua a ferro e fogo e quem quiser saber o que se passa, ao minuto, deve seguir o blog do GuardianUk Riots Live, onde se acompanha em tempo real o que está a acontecer. Foi assim que soube que, no dia em que 16 mil polícias foram chamados para patrulhar as ruas e 450 detectives começaram a analisar imagens de videovigilância para deter os saqueadores, a população usou as redes sociais para se organizar, agarrar em vassouras e ajudar a limpar a cidade.
Vale ainda a pena ir espreitando as galerias fotográficas, como esta, que apresenta vários exemplos da destruição, mostrando as mesmas zonas de Londres antes e depois dos distúrbios.

domingo, 7 de agosto de 2011

Vhils, no Guardian


Parabéns ao Alexandre Farto, ou Vhils, e também à Vera Cortês, pelo merecido destaque neste artigo do Guardian, The 10 best street art works.

O roubo da Mona Lisa


Um dos mais memoráveis roubos de sempre aconteceu há 100 anos: a 9 de Agosto de 1911, o pintor, pedreiro e vidreiro italiano Vincenzo Peruggia (na foto), que havia fabricado o vidro que protegia a Mona Lisa, conseguiu retirar a obra de Da Vinci da sua moldura, escondê-la dentro do seu macacão de trabalho e sair calmamente do Louvre.
No dia seguinte ainda ninguém tinha dado pela falta da obra-prima mas, assim que o alarme soou, a sociedade da época entrou em choque. Os jornais de todo o mundo passaram meses a acompanhar o caso e o Financial Times, neste artigo publicado na edição de fim-de-semana, reproduz algumas dessas deliciosas notícias. Como aquela em que se conta que o Louvre, depois de ter encerrado durante uma semana, para «averiguações», passou a ter filas à porta (o que nunca antes se tinha visto) só para ir olhar para o vazio que restava na parede, depois do inacreditável roubo.
Apesar das investigações terem ficado a cargo do famoso Alphonse Bertillon (considerado o Sherlock Holmes francês), passaram-se dois anos sem que houvessem pistas credíveis para recuperar a Gioconda. Bertillon andava longe, muito longe da verdade. Chegou mesmo a suspeitar de Pablo Picasso - e conta-se que o pintor até chorou durante o duro interrogatório.
O verdadeiro ladrão, afinal, acabou por entregar-se quando tentou «devolver» a pintura a Itália, de onde achava que Napoleão a havia roubado... Os especialistas das Uffizi chamaram a polícia, claro.
Uma história fabulosa para ler inteirinha, com um sorriso nos lábios, na Financial Times Magazine.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Leitura da semana

(Photoillustration/John Ritter, New Yorker)

De tirar a respiração, este Getting Bin Laden, escrito por Nicholas Schmidle e publicado esta semana na New Yorker.
É raro ler textos desta qualidade e, por isso, recordei logo um dos melhores de sempre, “Black Hawk Down” , de Mark Bowden. Se não leram na altura (foi publicado no Philadelphia Inquirer em 1997), vale a pena seguir o link e ler esta fabulosa reportagem sobre o cerco às tropas norte-americanas em Mogadíscio, na Somália (e sim, foi este o texto que depois Ridley Scott adaptou ao cinema). A sua (re)leitura acaba por ser curiosa agora em que a Somália volta a ser falada nos jornais, pelo agudizar de uma crise que, na verdade, nunca deixou de existir...
Mas voltemos à New Yorker, ao Paquistão e a este texto onde se reconstitui, ao ínfimo pormenor, a operação das forças especiais da marinha norte-americana em Abbottabad. Desde o início, como aqui se revela, os SEALS nunca ponderaram capturar o líder da Al Qaeda. Eles tinham uma única missão: matá-lo.


(...) A second SEAL stepped into the room and trained the infrared laser of his M4 on bin Laden’s chest. The Al Qaeda chief, who was wearing a tan shalwar kameez and a prayer cap on his head, froze; he was unarmed. “There was never any question of detaining or capturing him—it wasn’t a split-second decision. No one wanted detainees,” the special-operations officer told me. (The Administration maintains that had bin Laden immediately surrendered he could have been taken alive.) Nine years, seven months, and twenty days after September 11th, an American was a trigger pull from ending bin Laden’s life. The first round, a 5.56-mm. bullet, struck bin Laden in the chest. As he fell backward, the SEAL fired a second round into his head, just above his left eye. On his radio, he reported, “For God and country—Geronimo, Geronimo, Geronimo.” After a pause, he added, “Geronimo E.K.I.A.”—“enemy killed in action.”
Hearing this at the White House, Obama pursed his lips, and said solemnly, to no one in particular, “We got him.”

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A capa da semana


Kirsten Dunst, na Elle britânica. Linda.
Lá dentro, uma bela conversa com a actriz que já tem 26 anos de carreira (ok, começou aos três...). Tudo a propósito da estreia do filme Melancholia, de Lars von Trier, que lhe valeu o prémio de Melhor Actriz, em Cannes.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Grandes histórias


Há um casal de sangue azul na capa da Vanity Fair de Julho (William & Kate, conquistando a América) mas é no interior da revista que se encontra a história de príncipes que vale mesmo a pena ler: Em The Prince Who Blew Through Billions conta-se a história de Jefri Bolkiah, irmão do sultão do Brunei, um playboy com um estilo de vida inacreditável, aparentemente financiado com um desvio de quase 15 mil milhões de dólares, realizado aquando da sua passagem pelo governo do Brunei como ministro das Finanças...
Coleccionador de carros de luxo (tem mais de dois mil...), de relógios, jóias e mulheres, passou as últimas semanas num tribunal nova-iorquino, pois o sultão queria provar que os administradores da fortuna da família (e das 250 empresas que possuem) lhe tinham roubado 23 milhões de dólares.
O processo foi mais um dos seus caprichos: só as custas processuais ultrapassaram os 100 milhões. Os irmãos, que continuam a fazer corridas de Ferrari nas ruelas da sua terra natal, perderam o processo mas já anunciaram: vão recorrer.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Fotografar Phelps

São cada vez mais fabulosas as fotografias que se vão publicando na imprensa mundial, traduzindo as emoções que se vivem no Campeonato do Mundo de Natação, a decorrer em Xangai. Esta é, de todas, a minha preferida, até ao momento: regista o voo de Michael Phelps para a água, na prova dos 200 metros mariposa.
O americano conquistou o ouro, uma vez mais. Os jornalistas já o esperavam, ainda antes dele entrar na água. E todos os fotógrafos lutavam para ter «a» foto, aquela que  os jornais de todo o mundo iriam querer publicar, falando dos feitos deste atleta que, com mais esta vitória, se tornou no primeiro a conseguir ganhar cinco vezes a mesma prova, em Campeonatos do Mundo: já tinha vencido em 2001 (Fukuoka), 2003 (Barcelona), 2007 (Melbourne) e 2009 (Roma).
Não sei se Phelps terá visto esta imagem da fotógrafa Christinne Muschi, da Reuters, mas acho que concordaria comigo: ela também merecia uma medalha.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Souto de Moura, in El País

(Foto: Sofía Moro/El País)

Estar com Obama, diz Souto de Moura ao El País, foi tão importante como receber o Pritzker. O encontro não durou mais de 5 minutos e, no entanto... Nas páginas da revista dominical do jornal espanhol o arquitecto português fala da sua recente viagem a Washington e de muito mais: da infância em Braga, dos estudos universitários no Porto, de Siza Vieira, da sua mulher e filhas (todas arquitectas!) e da delicada relação com os clientes. Incluindo esse cliente tão especial, CR7:

 
¿Construirá la casa para Cristiano Ronaldo?
La diseñé. Pero cuando vino a Madrid suspendió la obra. La paró.

 ¿Por qué?
Se lo quiere pensar. Tenía problemas de construcción. El proyecto de la casa fue aprobado, pero se levantaba en un terreno donde había muchos árboles protegidos. Mi hermano fiscal había iniciado un proceso de persecución a quienes cortan los alcornoques protegidos. No era cuestión de que me pusiera yo a cortar los alcornoques de Ronaldo para hacer sitio a su casa, enorme, de 1.200 metros. Talar los árboles no era legalmente posible. Además, imagínese los titulares: Souto contra Souto. Él estaba furioso porque le vendieron el terreno sin advertirle de que los árboles estaban protegidos. Le dije que cambiáramos de terreno y que haría otro proyecto. Y se molestó.

 Es sorprendente que lo buscara a usted, que lo quisiera como arquitecto.
No. Es muy simple. Es amigo del presidente del Braga. Le gustó el estadio y me llamó. Yo no entendía mucho de fútbol ni él de arquitectura. Pero después de hablar con él conseguimos una relación muy directa. Él pedía y yo le decía si era o no posible.

¿Qué no era posible?
Un lago, una isla, algunas de las cosas que quería. Estos tíos tan importantes tienen una corte que los protege y los cuida. Pero les dicen cosas que no son verdad. Por eso al final la única manera de hablar con él fue ir a visitarlo a Manchester. No le querían dar un disgusto informándole de que los árboles no se podían cortar.
¿El proyecto está parado?
Se suspendió. Pero cuando me dieron el Pritzker leí una noticia, no sé si especulación: Ronaldo quiere de nuevo la casa.

¿Las estrellas atraen a las estrellas?
[Risas] Será eso.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Sobre a Noruega

(Ilha de Utoya, Noruega. Foto: Jeff J Mitchell/Getty Images)


Sábias palavras, as de Aslak Sira Myhre, no Guardian:
 
"Some hours after the bomb blast, the Norwegian prime minister, Jens Stoltenberg, said that our answer to the attack should be more democracy and more openness. Compared to Bush's response to the attacks of 9/11 there is good reason to be proud of this. But in the aftermath of the most dreadful experience in Norway since the second world war I would like to go further. We need to use this incident to strike a blow to the intolerance, racism and hatred that is growing, not just in Norway, nor even only in Scandinavia, but throughout Europe."

sábado, 23 de julho de 2011

Guimarães, by New York Times

(Foto: João Pina para o New York Times)

Aquela que será a Capital Europeia da Cultura em 2012 merece este fim-de-semana o destaque do suplemento de viagens do New York Times. Em The Arts Take Root in Portugal’s ‘Cradle City’, o jornalista Charly Wilder enaltece a herança histórica da cidade mas também dá atenção aos locais noturnos mais trendy, à nova cozinha e, claro, aos movimentos culturais que estão a dar uma outra vida à cidade-berço de Portugal. As fotos são do "nosso" João Pina.
Genial é a descrição de um dos locais recomendados para comer (ou para visitar...), a típica cervejaria Martins. Ora leiam:

"A taste of old, rough-around-the-edges Guimarães can be found at Cervejaria Martins, a beer joint on stately Toural Square. Morning to night, men sit around the large horseshoe bar among a clutter of ceramic beer mugs and soccer scarves, watching televised bullfights, snacking on fat shrimp and bowls of tremoço beans and downing 90-cent draughts. Not much has changed here since it first opened in 1951; the lighting is unromantic, the beer is Super Bock (the brand most common to Portugal’s north) and the conversation is deliciously unrefined.
Though Guimarães’ newfound cultural prowess is a decided draw, the legions of new visitors headed for the city in the next year — from residents of outlying villages to international cultural stars like the French director Jean-Luc Godard — would be remiss not to experience the provincial charms of spots like Martins. That said, if you’re a vegetarian, it may be advisable to bring your own salad."

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Leitura da semana


Se virem por aí esta edição da New Yorker, não hesitem: apanhem-na! Além da belíssima capa (da autoria de Barry Blitt), há três razões para gastarem o vosso dinheirinho nesta revista:

1. O artigo Mastering the Machine, escrito por John Cassidy, acompanhando o dia-a-dia de Ray Dalio, o magnata que fundou a Bridgewater Associates e criou o maior e o mais estranho de todos os hedge funds. Assustador...

2. O postal de Los Angeles, «enviado» por Dana Goodyear, que ali encontrou Robert Jobson, o editor de assuntos da realeza do News of the World, escrevendo o seu último artigo, com o sugestivo título: “Hey Becks, Give Posh Our Love: Will’s Baby Message”. Hilariante...!

3. As palavras de Gay Talese, o rei, o mestre, o maior de todos os escribas ainda vivos (se não o conhecem espreitem aqui e corram a comprar todos os seus livros). Infelizmente, o artigo não está acessível online, mas Andy Young faz o favor de escrever sobre esse acontecimento que é publicar um artigo de Talese, e assim ficamos a saber que ele fala sobre um edifício na sua rua onde já abriram (e fecharam) inúmeros restaurantes. Que interessa? Acreditem, ele poderia escrever sobre qualquer coisa, aquelas duas páginas de letrinhas valem o preço de uma assinatura anual da revista. Genial.

Boas leituras!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Descoberta da semana

Só esta semana descobri esta revista australiana (obrigada Vasco!) que tem parte dos seus conteúdos disponíveis online. A Monster Children é uma boa surpresa, com uma atitude arrojada tanto ao nível do design como dos conteúdos. Cada número tem um tema central mas a revista não é temática, misturando de forma equilibrada interesses do mundo do surf, skate, design, música, cinema e fotografia.
A edição deste mês presta tributo a Dennis Hopper (na capa surge o seu olhar melancólico, a preto e branco, no cenário das filmagens de Apocalipse Now). Nas páginas seguintes viaja-se no tempo, começando por espreitar os centros comerciais americanos dos anos 80, para terminar nos dias de hoje, numa surf trip a Marrocos.
A assinatura para Portugal custa 100 dólares por ano (cerca de 20 euros por edição).

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Grandes histórias

(Foto: Nicole Bengiveno/The New York Times)

Leio no New York Times que Diana Nyad quer fazer o que nenhum outro atleta jamais tentou: vestir o seu fato de banho e nadar os 165 km que separam Cuba das ilhas Key, na Flórida, sem parar. Quer isto dizer que, com sorte e muito ritmo, ela terá de nadar durante um dia e uma noite, depois outro dia e toda a noite, e ainda outro dia inteirinho.
Além da dureza física, esta prova é especialmente difícil porque estas águas estão infestadas de tubarões. Houve quem completasse provas como a que Diana sonha cumprir mas... nadando dentro de uma jaula. Ela já o experimentou, também - mas a experiência não foi bem sucedida e nadar enjaulada, no oceano imenso, não combina com esta mulher, que detem há mais de 30 anos o recorde de natação em mar aberto (102 milhas/164 km, de Bimini, nas Bahamas, a Jupiter, na Flórida).
Sim, leram bem, há 30 anos. Diana tem hoje 61. E diz que se sente fisicamente muito mais forte do que quando era uma miúda de 20. Mentalmente também. É com desassombro que explica  como conta afastar o medo dos tubarões cantando. A música parece ajuda-lá também a manter o ritmo das braçadas. Ticket to Ride, dos Beatles, é a sua preferida. Vou passar o Verão a trauteá-la, torcendo por ela.

domingo, 10 de julho de 2011

News of the World (1843-2011)

A primeira e a última edição do News of the World, que hoje se despediu das bancas, na sequência do escândalo com as escutas telefónicas ilegais que realizava (pelo menos...) desde 2005.
Sinceramente, é o tipo de leitura que não me fará falta. Mas é sempre triste ver um título morrer. Além disso, em 168 anos de história, como este best of hoje publicado comprova, nem tudo o que ali se escreveu era lixo. Posso não retribuir o «thank you» da sua derradeira manchete, mas aqui fica o meu «goodbye».

sexta-feira, 3 de junho de 2011

E emigrar para Marte? Podemos?


Leio aqui (graças ao Bureau of Investigative Journalism, organização sem fins lucrativos que se dedica à investigação jornalística), que a Comissão Europeia gastou, entre 2006 e 2010, mais de 7,5 milhões de euros só em jactos privados...
Além dos voos de luxo, há jóias compradas na Tiffany's, festas de arromba por toda a Europa, férias de comissários e respectivas famílias na Papua Nova Guiné...
Até Durão Barroso, concerteza desforrando-se dos tempos da tanga em Portugal, gastou 7 mil euros por noite num hotel em Nova Iorque. Factura de quatro noites de estadia: 28 mil euros. É bom recordar, já agora, que todo o orçamento da Comissão Europeia é suportado pelos contribuintes europeus. Tempos de austeridade? Só se for para os mesmos de sempre...

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Leitura da semana


A revista Piauí continua a publicar alguns dos melhores textos do chamado jornalismo literário e é uma delícia descobri-los, com este saborzinho tropical, todos os meses. Foi o meu amigo (e também jornalista) Ricardo Rodrigues quem me chamou a atenção para esta fabulosa prosa (Baraquio Bama vale nota 10, na edição de Maio), comentando: «Há qualquer coisa de contraditório quando se lê uma narrativa notável sobre os que não sabem ler.»
Vale mesmo a pena, garanto-vos.
Em jeito de aperitivo, aqui fica um excerto:

"O subchefe Antônio Bonfim Ferreira, um baixinho branquelo muito musculoso, destacou a papeleta curva da impressora. “Xis... xis é peixe. Nando, vê pra mim aqui se é gurjão ou filé.” O auxiliar Nando, sem muita paciência, leu: “Prato feito de filé de peixe.”

Cozinheiro há mais de quinze anos, Antônio Bonfim enfrenta diariamente um adversário desigual: a automatização das comandas, introduzida no Garota em 2007. Até então os garçons iam à cozinha e cantavam os pedidos em alto e bom som. Hoje, digitam o código do pedido numa registradora manual do próprio salão do restaurante e o nome do prato sai escrito na impressora cinza-clara instalada na cozinha.
Para saber do que se trata, é preciso lê-lo. Mas Bonfim é analfabeto e boa parte de seus colegas só descobriu que ele não sabia ler com a chegada da novidade.
(...)
Muito antes da maquininha, Antônio Bonfim já vem tentando “abrir a mente”. No seu primeiro ano de Rio, em 1988, tentou um ano de “Mobral”,como continua a se chamar o programa federal que sucedeu a campanha de alfabetização dos militares. Sem sucesso. Foi a sobrinha quem conseguiu treiná-lo para assinar documentos. “O problema é que cada vez saía de um jeito”, disse.

Em 2004, já com 33 anos de idade, casado e com duas filhas pequenas para sustentar, soube pela esposa Lucivânia da abertura de um curso de alfabetização na Associação de Moradores de seu bairro. Ela também é analfabeta, apenas não se aflige em aprender a ler. Bonfim frequenta o curso até hoje. Treinou com afinco a padronização de sua assinatura e conseguiu renovar todos os documentos. “Inclusive o título de eleitor. Votei na Dilma duas vezes, uma seguidinha da outra. E a urna é fácil, é que nem um telefone”, contou. “Eu achei ela bonita, simpática. Mesmo quando falaram que ela era sapatona, eu nem quis saber.”
Ainda assim, em sete anos de aulas noturnas, cinco vezes por semana, não consegue distinguir a palavra “gurjão” de “filé”. “Parece que a minha cabeça está fechada. Talvez seja porque eu caí muitas vezes do jegue quando era pequeno.”

domingo, 22 de maio de 2011

#spanishrevolution


A luta continua. Pelo menos por mais uma semana. Foi essa a promessa deixada hoje pelos manifestantes acampandos na Puerta del Sol, no centro de Madrid. Durante a semana que passou, desde esse já histórico 15 de Maio (15-M), um jornalista do El País juntou-se a esta «geração à rasca» e publica hoje, no suplemento Domingo, uma grande reportagem sobre este movimento que está a sacudir o sistema:

Jon Aguirre Such abrazaba con los dientes apretados. No podía contener la emoción, la rabia acumulada, la indignación compartida. Estaba viviendo un sueño. Un sueño que se ha hecho realidad. El sueño de muchos. (...) "Casi me pongo a llorar. Veía a todo el mundo con cara de ilusión: '¡Es posible!". Jon cuenta su historia con orgullo, con pasión: "Acabamos de escribir Historia. No hay marcha atrás".

"Se ha producido una desestructuración muy acelerada de la sociedad", sostiene Miguel Martínez, sociólogo experto en movimientos sociales, profesor de la Universidad Complutense e investigador Ramón y Cajal. "La precariedad ha emanado de las élites políticas, han ido apretando las tuercas cada día más. Los gobiernos han llevado a cabo políticas muy agresivas para la mayoría de la población. El panorama es muy triste. Tenía que surgir una válvula de escape. La gente siente que su vida se volatiliza. Cuando llega la indignación, ya no pueden ir más allá, porque te hacen desaparecer como persona. Si pierdes la dignidad ya solo eres mano de obra".