sexta-feira, 16 de abril de 2010

Portugal no New York Times

O New York Times publicou ontem um artigo sobre este cantinho à beira-mar plantado. Na secção de Economia. Já perceberam, certo? Só pode ser coisa má... e é. O título diz quase tudo: The Next Global Problem: Portugal.
Os analistas Peter Boone, da London School of Economics, e Smith Johnson, ex-director financeiro do FMI, dizem que Portugal só poderia ter as contas minimamente equilibradas com um crescimento do PIB na ordem dos 5,4% até 2012 - mas, na verdade, temos previsto um défice de 8,3%, só para este ano...
Para evitar a bancarrota, dizem, os governantes teriam de fazer cortes muito sérios. Nós podemos sentir que já estamos de cinto apertado mas eles dizem que não... e que, assim, não valerá de nada o esforço.

The Portuguese are not even discussing serious cuts (...) They are waiting and hoping that they may grow out of this mess.

Animador, não é?
Melhora ainda quando falam do apoio europeu e do FMI para o plano de recuperação da Grécia e concluem que, a Portugal, só resta esperar que tudo piore (!) para que a UE também nos venha «salvar». Mas isso, como já sentem os gregos nos seus bolsos, será um pesadelo para todos nós. E mesmo essa solução não é garantida:

Europe will eventually grow tired of bailing out its weaker countries.

E nós, quando é que nos fartamos disto?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Em viagem

(Angkor, Camboja)

 Há palavras que me fazem viajar num segundo. Como estas: Alepo, Djenné, Bandiagara, Jaisalmer, Turkana... Já em miúda adorava ver mapas e girar globos, espetando o dedo ao calhas em cima de terras com nomes misteriosos. Viajar, conhecer o mundo, sempre foi um sonho. Ter um bilhete de avião marcado, ou um plano de viagem delineado, nem que seja para daqui a muitos meses, anima mesmo os meus dias - até os piores dias. Fecho os olhos e vejo-me lá, onde tudo é novo para mim.
Já abdiquei de muitas coisas para poder viajar, e já estive em vários pontos da Europa, das Américas, da Ásia e de África, mas, mesmo assim, se tivesse pins a marcar os pontos do mundo que visitei, ficaria abaixo das três dezenas. Ainda tenho, verdadeiramente, um mundo à espera de ser explorado.
O Cáceres tinha um mapa cheio de pins, afixado na parede do seu gabinete de director da Visão. Era raro o país que não estava marcado... Um dia ganhei coragem para perguntar porque não eram todos da mesma cor: os vermelhos teriam um significado diferente dos brancos? Sim, os brancos assinalavam os locais onde ainda queria ir. Ele sabia, como poucos, que o sonho já é parte da viagem.
Recordei tudo isto lendo as sugestões do suplemento Ocho Léguas, do jornal El Mundo, num especial que me deixou a olhar para o meu mapa-mundo: afinal, destes 100 lugares para ver antes de morrer, quantos já conheci? Confesso: só um... Varanasi.
A minha lista talvez fosse diferente, pensei em seguida. Vou fazê-la, anuncio-vos desde já. E arranjarei depois muitos pins brancos, para marcar os destinos que me fazem sonhar.