sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Saramago na New Yorker

A revista New Yorker publica na edição desta semana uma crítica ao último livro de José Saramago publicado nos Estados Unidos, Death with Interruptions (As Intermitências da Morte, ed. Caminho, 2005). São perto de 3 mil palavras, 16 500 caracteres, quase 5 páginas A4 de crítica - desculpem o meu assombro mas, por cá, ninguém dá este espaço a um livro, até porque a crítica, a boa crítica às artes que tanta falta faz nos nossos jornais, está em vias de extinção. Adiante. A narrativa de Saramago, escreve James Wood, soa «moderna e antiga ao mesmo tempo». E é o seu estilo único que lhe permite «escrever ficções especulativas e fantásticas como se fossem os acontecimentos mais prováveis». Como será ler Saramago em inglês?, dei por mim a pensar. Percebo por esta crítica que os seus parágrafos longos se mantêm, que os pontos finais e as vírgulas não deixam de obedecer a regras próprias. Deixo-vos um excerto (uma única frase...), para matarem a curiosidade:

«Having lived, until those days of confusion, in what they had imagined to be the best of all possible and probable worlds, they were discovering, with delight, that the best, the absolute best, was happening right now, right there, at the door of their house, a unique and marvelous life without the daily fear of parca’s creaking scissors, immortality in the land that gave us our being, safe from any metaphysical awkwardnesses and free to everyone, with no sealed orders to open at the hour of our death, announcing at that crossroads where dear companions in this vale of tears known as earth were forced to part and set off for their different destinations in the next world, you to paradise, you to purgatory, you down to hell.»

Sem comentários: