terça-feira, 29 de janeiro de 2008

As malas mexicanas


Há dias assim, em que as notícias que nos aceleram o coração apetecem ser gritadas ao mundo. Boas notícias. Que coisa tão rara.

O New York Times publica um artigo notável sobre o assunto, no dia em que o Centro Internacional de Fotografia de Nova Iorque anunciou a descoberta de 127 «novos» rolos de Robert Capa. São mais de 3 000 fotografias que se julgavam perdidas para sempre.

Capa tinha-os entregue ao seu amigo Imre Weisz, em Paris, em 1939 ou 1940, quando abandonou a Europa, esperando que, assim, os rolos fossem salvos. Mas Weisz foi preso, pouco depois, e enviado para um campo de detenção na Argélia. Robert Capa morreu julgando que o seu trabalho tinha sido destruído durante a invasão nazi. Mas, inexplicavelmente, os negativos foram resgatados pelo general Aguilar González, diplomata em Marselha, que os levou para o México.

Talvez o militar nem soubesse verdadeiramente o que tinha em mãos pois até à data da sua morte, em 1967, nunca revelou possuir esse «tesouro». Só em 1995 começam a surgir rumores da sobrevivência das três maletas de Capa, onde se incluíam também negativos do trabalho de Gerda Taro (a primeira mulher fotógrafa de guerra) e de David Seymour (conhecido como Chim), com quem Capa viria a fundar a agência Magnum.

Um descendente do general, realizador de cinema, descobriu as malas e contactou diversas instituições internacionais, tentando que o seu conteúdo tivesse o melhor destino. Depois de 12 anos de longas negociações, o património foi entregue à instituição fundada por Cornell Capa, irmão de Robert. E a todos nós.

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