Estive na África do Sul há seis meses e, percorrendo os bairros pobres do Soweto, ouvi inúmeras queixas sobre «o novo apartheid» que reina no país de Mandela. Falaram-me sobretudo de um «apartheid económico», que separa o mundo dos ricos do mundo dos pobres, mas transparecia nas palavras revoltadas daqueles homens e mulheres um outro sentimento: o medo de que, 13 anos depois da libertação, o desemprego, a fome e a criminalidade matassem o sonho da construção de um projecto a que o arcebispo (e Nobel da Paz) Desmond Tutu chamou carinhosamente de «nação arco-íris».Os acontecimentos desta semana, que podem ser acompanhados em detalhe num dossier especial do The Times sul-africano, superaram os piores receios. Há muito que se falava da bomba-relógio que era o bairro de Alexandria, nos arredores de Joanesburgo, onde se foi instalando a maioria dos mais de quatro milhões de refugiados vindos do vizinho Zimbabué. Foi ali que começaram os ataques à comunidade imigrante, que já provocou 22 mortos.
Perante as imagens do horror, Tutu chorou, pedindo desculpa aos estrangeiros perseguidos no país:
Perante as imagens do horror, Tutu chorou, pedindo desculpa aos estrangeiros perseguidos no país:
I want to apologise, to ask for forgiveness on behalf of our people. I am deeply, deeply sorry. I want to apologise that we could be so inhuman.
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