quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Como o Afeganistão continua insane. Brutal. E como Robert Fisk nos obriga a ler mais sobre o assunto...

(Samshia, em Kandahar. Ia a caminho da escola quando talibans
lhe atiraram ácido para a cara - porque não estava coberta)

Um jornalista ocidental no Afeganistão é, por estes dias, tal como no Iraque ou na Faixa de Gaza, uma visão rara... Os directores de jornais acham que já ninguém tem paciência para ler sobre estes conflitos que se eternizam, sem solução à vista. Ainda por cima, trabalhar nestes países é escandalosamente caro e demasiado perigoso.

Felizmente, ainda há excepções. Como o jornal britânico The Independent, que mantém Robert Fisk como correspondente no Médio Oriente há mais de 30 anos e o reenviou para o Afeganistão, 5 anos depois da sua última série de reportagens no território. Hoje, publica um artigo arrepiante, depois de ter visitado o hospital de Kandahar.

Apetece fugir a cada linha, de tanto que dói ler as histórias daqueles homens e mulheres. Como a de Samshia, uma das 13 meninas que ontem foi atacada a caminho da escola. Um grupo de talibans atirou-lhes ácido para a cara, por não estarem cobertas. Ou a da jovem mulher que perdeu um pé num bombardeamento aéreo americano. Estava num casamento e apresenta-se como «uma rapariga de sorte»: os outros 36 convidados morreram.

Escusado será dizer que nesta terra, onde sobra tanto ódio, falta tudo o resto: comida, medicamentos, assistência médica.

No final, Fisk lança a pergunta: saberá Obama o que se passa realmente no Afeganistão? Ele duvida. «Se soubesse, não enviaria para cá mais 7 000 soldados, mas sim 7 000 médicos.»

P.S. Acaba de ser lançado em Portugal o último livro de Robert Fisk, A Grande Guerra pela Civilização - A Conquista do Médio Oriente (Edições 70, 44€). Os quatro primeiros capítulos do livro podem ser lidos aqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente este post.
Linkei.
http://bandeiranegra1.wordpress.com/