Os F-16 israelitas voltaram a cruzar os céus da Faixa de Gaza, fazendo tremer a terra à sua passagem, a velocidades próximas da barreira do som. Os palestinianos dizem-me que os militares hebraicos estão a lançar «bombas supersónicas». Posso apenas garantir que o som é em tudo semelhante ao de uma gigantesca explosão e que, por breves segundos, senti o mundo a fugir-me debaixo dos pés.
Voltaram a ouvir-se tiros, em várias partes do território. Em Gaza, são claramente disparos de kalashnikov, sons metálicos, espaçados no tempo, a quem ninguém parece dar grande importância. Paro na rua para tentar perceber de onde chegam os sons e reparo que, à minha volta, ninguém abranda o passo. Entram e saem das lojas, como se nada fosse. Os tiroteios há muito que fazem parte da banda sonora das suas vidas.
Na região norte da Faixa de Gaza, junto à fronteira de Erez, volto a ouvir disparos, desta vez em rajada. Provavelmente de militares israelitas contra os militantes palestinianos, que terão lançado, segundo Telavive, mais 8 rockets contra o sul do Estado hebraico.
Na terça-feira de manhã tudo ganha uma nova dimensão, com a explosão junto do posto fronteiriço de Kissufim, a Sul. Um soldado israelita morreu e outros três ficaram feridos. Um agricultor palestiniano também morreu, segundo os médicos do hospital de Shifa, na cidade de Gaza. O Exército israelita confirma que os seus helicópteros voltaram a atacar posições de combatentes do Hamas, nesta região, e os F-16 bombardearam, já na quarta-feira, a «zona dos túneis», junto à fronteira do Egipto.
O cessar-fogo decretado pelas partes terminou no domingo passado. As conversações no Cairo, para alcançar um acordo de tréguas, continuam num impasse. E as armas parecem querer voltar a falar mais alto.
3 comentários:
Voltámos ao 'mais do mesmo'. A sua 'never endig story' parece estar condenada a isso mesmo. Se o Salazar tivesse acedido à proposta norte-americana de vender os Açores para instalar os judeus, nos anos 50, porventura hoje teríamos um mundo um pouco mais pacificado. Ainda se os americanos tivessem feito uma proposta para a compra da ilha da Madeira, sabendo-se o que hoje se sabe, talvez o Oliveira anuísse e haveria paz na Palestina...
Esta cronica permite-nos visualizar Gaza e a vida diaria dos seus cidadaos. De um momento para o outro, vemo-nos na pele de quem esta a descrever o sofrimento de um povo e a maldade de que o ser humano e' capaz. E' de facto uma reportagem muito boa. Parabens pelo teu tabalho, Patricia. Nao conhecia o teu blog, mas agora apartir de agora darei uma olhada de vez em quando.
Horta
É sempre bom ter a visita dos amigos! Muitos beijinhos, volta sempre.
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