sábado, 11 de abril de 2009

Mr. Capote

Estou a reler A Sangue Frio, de Truman Capote. Não resisti a comprá-lo por 10€, numa promoção da Almedina, no Arrábida Shopping. Em casa dos meus pais havia uma edição velhinha, já amarelecida pelo tempo, com páginas ásperas e letra miudinha, que li quando era adolescente. Deve ser da idade mas cada vez mais aprecio um livro de letra grande, redonda, com entrelinhas que deixam as frases respirar. Esta reedição da Dom Quixote deu ao texto de Capote as 400 páginas que merecia - e eu agradeço.
Capote não escreveu muito mas, como estou a comprovar, permite-nos descobrir mundos novos sempre que o relemos. E para quem gosta da arte da escrita... em cada parágrafo há uma lição. Como neste texto publicado em 1957 na New Yorker: The Duke in his Domain, uma espécie de perfil de Marlon Brando, que resulta do encontro entre Capote e o actor num hotel de Quioto, no Japão, num intervalo das filmagens de Sayonara.
É raro encontrar, nas publicações actuais, textos desta dimensão. São mais de 80 mil caracteres o que, na revista onde escrevo, ocuparia 25 páginas... Impensável, dizem os gurus da comunicação dos nossos dias, defensores dos textos curtos, mastiga e deita fora, que «não maçam as pessoas». Infelizmente, digo eu. Que tenho tantas saudades de ler boas histórias que acabo a comprar livros de «não-ficção» ou a consultar arquivos dos anos 50...

2 comentários:

carlita disse...

Adorei esse livro, li-o no meu trabalho em que a decoração era toda preta, as paredes forradas a pedras dum azul do mais horrivel que possa existir. Li e muitas vezes parei só para ter medo, ou para me arrepiar. Adorei o livro. Adorei completamente...
Fizeste-me ter saudades de quem na tua casa lia imenso...Beijinho grande
Carla Cunha Bandos

Patrícia Fonseca disse...

... e a paixão pelas leituras pegou-se, como se vê! Beijinhos :)