sábado, 28 de novembro de 2009

Um jornalista inflitrado na "tropa de elite"


Um jornalista do Folha de São Paulo candidatou-se, foi aceite e, durante sete meses, fez a dura recruta da Polícia Militar do Rio de Janeiro para escrever uma reportagem. Raphel Gomide dedicou mais de um ano à escrita de O Infiltrado - PM por Dentro e venceu o Grande Prémio de Jornalismo Lorenzo Natali*, atribuído pela Comissão Europeia.
«Eu queria entender de que maneira o curso de formação de soldados podia influenciar o comportamento no activo e pensei que a melhor forma de o fazer era passar por recruta e, assim, evitar os filtros que os soldados e oficiais teriam se os entrevistasse como jornalista», explicou esta semana à jornalista Isabel Marques da Silva, numa conversa que podem espreitar aqui, no site do Expresso.
«O que mais me chocou foi o facto de não só haver tolerância como estímulo à violência policial. Ouvi frases tais como: "Estou trocando tiro com vagabundo na favela e ele diz que perdeu e se rende? Perdeu nada! Vou-te matar, você vai morrer. Estava me dando tiros até agora, por isso vai morrer!". Havia um oficial que dizia "Rendeu, fuzilou!" e um outro instrutor que ensinava a encenar uma situação de legítima defesa, aconselhando o polícia que matou alguém pelas costas a colocar depois a arma na mão do suspeito.»


* A Comissão Europeia retirou o Grande Prémio NATALI e o Prémio África ao vencedor da edição do ano passado, Larrisse Houssou, do Benim. Esta decisão foi tomada com base numa denúncia de plágio apresentada por outro jornalista, que viria a ser confirmada pelo júri após um inquérito independente às alegações aduzidas. O jornalista brasileiro Raphael Gomide, segundo classificado em 2008, foi proclamado novo vencedor do Grande Prémio, por recomendação do júri.

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