Na imprensa internacional, a notícia do duplo atentado na Guiné Bissau mereceu bastante destaque, havendo sempre referências aos negócios da droga que tomaram conta daquele país da África Ocidental. Veja-se a Time, o Guardian, o New York Times. Na imprensa portuguesa, o poder destes negócios tem sido relegado para uma nota de rodapé... quando muito. Até que ponto o dinheiro da cocaína é importante nesta história, só o tempo o dirá.
A Guiné Bissau é, desde há alguns anos, um narco-Estado fora de controlo, como tão bem contou a Cândida Pinto no Expresso, em Novembro de 2007. Cinco meses antes, já a Time publicava uma arrepiante reportagem sobre o mesmo tema, Cocaine Country. Em Julho do mesmo ano, o Independent também revelava que «entra todos os dias em Bissau mais de uma tonelada de cocaína vinda da Colômbia, com destino à Europa». Em Março de 2008, o Guardian dava à Guiné honras de Grande Reportagem, designando já a ex-colónia portuguesa como «o mais importante narco-Estado do mundo». E, em Janeiro de 2009, o Telegraph seguiu o rasto da droga desde Bissau até às ruas de Londres, contando como aquele pedaço de África foi definitivamente «conquistado» pelos cartéis colombianos.
De Lisboa apelou-se à calma e a um rápido restabelecimento da ordem constitucional. Mas, como perceberá quem ler estas reportagens, a ordem, a lei e a democracia há muito que abandonaram Bissau.
1 comentário:
Dizia ontem aos jornalistas um dos (peões) militares que tinham tido necessidade de intervir para que o Poder "não caísse na rua"... Está assim, digamos, "reposta a normalidade"... após o ajuste de contas (até ao próximo).
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